Em meio ao tarifaço promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as vendas de carne bovina do Brasil para os EUA dispararam 498% em abril, em relação a igual mês de 2024. A alta provocou surpresa no setor, segundo reportagem do site g1.
“Os Estados Unidos, apesar de já estarem vindo numa crescente, compraram um grande volume. Nós saímos de 8 mil toneladas em abril de 2024, para um volume em torno de 48 mil toneladas em abril de 2025”, disse ao g1 o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, na quinta-feira (8).
Em 2 de abril, Trump anunciou o que ele batizou de “tarifas recíprocas” a produtos importados pelos Estados Unidos de mais de 180 países.
Na véspera, o republicano anunciou que estava fechando o primeiro acordo bilateral com o Reino Unido em meio à guerra comercial. No fim de semana, a negociação ocorre com a China, país atingido por tarifas que chegam a 145%. Por sua vez, o governo chinês impôs tarifas de 125% a produtos importados dos EUA.
Entre os fatores apontados para o aumento da venda de carne bovina aos EUA estão oferta menor de bois em solo norte-americano, que está em seu menor nível em 80 anos; demanda alta de carne pela população do país; e o preço da carne lá é mais caro do que a brasileira.
Sobretaxas não impediram aumento de venda de carne bovina
Com as sobretaxas anunciadas por Trump, os importadores norte-americanos estão pagando uma taxa de 36,4% para importar a carne brasileira. Isso porque a tarifa anterior era de 26,4%, mas Trump adicionou uma sobretaxa de 10%.
No entanto, somente as carnes que entram nos EUA a partir de cotas estão sendo taxadas em 10%. “O Brasil participa de um grupo de outros 10 países que têm direito a uma cota de exportação de 65 mil toneladas com zero de tarifa. [A taxa] Era zero, mas agora passou para 10%. Mas essa cota, geralmente, se atinge até 15 de janeiro”, explicou Perosa ao g1.
Como os outros países não têm capacidade de suprir a demanda, o Brasil acaba se apropriando dessa cota, segundo Perosa.
Mercado já vinha crescendo
O movimento de alta, no entanto, antecede a guerra tarifária. De janeiro a abril, os Estados Unidos importaram 135,8 mil toneladas de carne do Brasil, um volume quase cinco vezes maior do que no mesmo período de 2024.
Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações de carne bovina brasileira, depois da China, que é o maior comprador do Brasil.
O maior fornecedor de carnes para os EUA são a Austrália, seguida por Canadá, México e Brasil.
O ponto principal para a disparada das exportações brasileiras é que, independentemente da sobretaxa de 36,4%, a carne norte-americana está mais cara que a do Brasil.
Uma arroba do boi gordo no Brasil está entre US$ 54, US$ 55, em média. Nos EUA, está entre US$ 115 e US$ 120. Esse custo torna a produção mais cara, abrindo caminho para a importação do produto.
A expectativa do setor é que as exportações do Brasil para os EUA sigam altas.
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