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Confiança empresarial fecha 2024 melhor do que em 2023, mas com viés negativo

Indicador fechou 2,2 pontos acima, ante dezembro de 2023, com indústria e comércio registrando as maiores altas
09/01/2025 | 11h29

A confiança empresarial fechou 2024 um pouco maior do que no final de 2023. O ICE (Índice de Confiança Empresarial) do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) encerrou o ano passado em 97,3 pontos (clique aqui para ver o documento na íntegra).

Comparativamente com o mesmo mês de 2023, levando em conta o dado sem ajuste sazonal, o indicador fechou 2,2 pontos acima, com indústria e comércio registrando as maiores altas, respectivamente, de 4 e 2,9 pontos.

“Apesar de serem bons resultados quando comparados a 2023, ainda há uma certa frustração, pois poderiam ser melhores”, afirma Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre.

Ele destaca os sinais de cautela dos empresários identificados nas Sondagens, diante do cenário de juros e inflação mais altos, e dúvidas crescentes quanto à capacidade da política fiscal do governo em conter a trajetória de alta da dívida pública.

Essa percepção, segundo ele, é corroborada pelo resultado de outro indicador do instituto, que é o Índice de Incerteza da Economia (IIE-Br), o qual, em dezembro registrou alta de 5 pontos, para 115,4 pontos – maior nível desde março de 2023, quando chegou a 116,7 pontos. Acima de 110 pontos, o IIE-Br entra em terreno considerado desfavorável.

Confiança empresarial e a queda das expectativas

Quando se compara a evolução gráfica do Índice de Expectativas e de Situação Atual, é possível observar a evolução atual subindo, e a das expectativas, descendo.

Em dezembro, o Índice de Expectativas da sondagem empresarial registrou queda de 1 ponto em relação ao mês de novembro, caindo para 95 pontos, enquanto a avaliação sobre os negócios correntes subiu 0,7 ponto, para 99,6 pontos, melhor resultado desde dezembro de 2013, quando o Índice de Situação Atual da Sondagem Empresarial marcou 100,2 pontos.

“Esse resultado pode ser explicado pelas sequentes surpresas com a atividade em 2024, com uma demanda maior do que a prevista desde o início do ano, mas a percepção de que em 2025 a tendência é de perda de fôlego”, pontua Tobler.

Em dezembro, os setores que ainda mantiveram resultados crescentes no campo das expectativas foram construção e indústria. No caso da construção, Tobler lembra que essa atividade é caracterizada por ciclos mais longos, o que garante certa resiliência a turbulências no horizonte de curto prazo, ainda que a preocupação com o aumento de custos e o cenário de juros já esteja presente.

“No caso da indústria, esse resultado pode indicar a percepção dos empresários de que a demanda doméstica não terá uma redução abrupta”, diz Tobler, lembrando ainda de possíveis vantagens conjunturais para a indústria de alimentos exportadora, via câmbio.

No quarto trimestre, os segmentos industriais que mais registraram aumento da confiança foram os de bens duráveis e bens de capital, com destaque para veículos automotores, informática e eletrônicos e máquinas e equipamentos.

Os principais fatores limitativos assinalados pelos participantes das sondagens empresariais em dezembro confirmam o cenário de economia presente aquecida, com incertezas sobre sua sustentabilidade.

Setores

Tobler indica que tanto nos setores de comércio quanto de serviços o item mais citado é a competição no próprio setor com, respectivamente, 35,1% e 36,8% de assinalações.

Apesar de ser identificado pelos empresários como uma característica negativa, Tobler destaca que esse fator é associado à atividade aquecida. “Se olharmos a evolução desse resultado, entretanto, veremos que o nível de citações já foi maior; no comércio, chegou a 41,7% em outubro e, em serviços, a 39,3% no mesmo mês”, destaca.

No comércio, também se destaca o aumento de assinalações sobre custo financeiro, que em dezembro chegou a 19%. Escassez de mão de obra qualificada se mantém entre os fatores limitativos mais citados no setor de serviços, com 22% de assinalações em dezembro – nível que se mantém desde julho, diz Tobler – e na construção. “No caso da construção, esse fator fechou o ano com 35,1% de assinalações, o maior nível desde outubro de 2013, quando foi de 36%”, destaca.

Consumidor confiando menos

Para os consumidores, o ano também terminou com queda da confiança, de -3,6 pontos em relação a novembro, para 92 pontos.

O Índice de Confiança do Consumidor do FGV IBRE aponta que essa queda foi puxada principalmente pelas expectativas, e ocorreu em três das quatro faixas de renda analisada. A exceção foi a faixa 2, que corresponde a renda entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil.

Apesar de fechar o ano com um nível de confiança maior do que no final de 2023, Tobler destaca para a deterioração das expectativas da faixa 1 de renda (de até R$ 2,1 mil).

Segundo ele, a preocupação com a manutenção do bom momento do mercado de trabalho e com a alta da inflação podem ser parte da resposta a esse resultado. “Em nossa pesquisa, perguntamos quanto o entrevistado acha que a inflação estará em 12 meses. Ainda que em geral a resposta tenda a ser um nível superior ao da inflação observada, vemos que hoje ela é alta especialmente nesse grupo de renda. Em dezembro, a mediana da inflação entre os respondentes da Faixa 1 de renda foi de 7,3%, contra 6,3% da mediana entre todas as rendas”, ilustrou.

De acordo ao Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, a inflação acumulada em 12 meses até novembro de 2024 para as famílias de renda baixa (entre R$ 900 e R$ 1,35 mil) era de 5,08%, para um IPCA de 4,87%.

*Com informações do FGV Ibre

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