O PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil deve encerrar 2024 com um crescimento de 4,1%, segundo dados divulgados ontem (16) pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O percentual é maior que os 3,5% previstos em outubro passado. Para 2025, a projeção é menor – avanço de 2,3%.
A melhora no indicador deste ano se deve basicamente a três fatores:
- Incremento no mercado de trabalho;
- Retomada de obras do programa Minha Casa, Minha Vida; e
- Intensificação de atividades econômicas em função das eleições municipais deste ano.
A economista da entidade, Ieda Vasconcelos, disse que o desempenho da indústria foi acima das expectativas e que “durante o ano fomos surpreendidos com algumas notícias positivas”. Este é o quarto ajuste para cima nas projeções de crescimento, que começaram com uma estimativa de 1,3% no início de 2024.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que o setor já cresceu 4,1% nos três primeiros trimestres de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023.
Apesar do bom desempenho este ano, para 2025 o setor espera desaceleração econômica, especialmente depois da adoção de uma política monetária mais contracionista pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano na semana passada.
O comunicado divulgado com a decisão aponta que, nas reuniões do início do ano do colegiado, mais dois aumentos nesse patamar podem acontecer, o que elevaria a Selic para 14,25% ao ano.
Como os juros elevados impactam diretamente segmentos como média e alta renda, reformas e pequenas obras, devido à maior dificuldade de acesso ao crédito, o segmento da construção espera o desaquecimento dos negócios.
Além disso, quando a Selic está alta, a caderneta de poupança perde atratividade, o que reduz recursos disponíveis para o financiamento imobiliário.
Construção civil: tendência é de crescimento de novos lançamentos em 2025
De acordo com os dados do setor, até setembro de 2024, foram lançadas mais de 360 mil unidades habitacionais, e a tendência é de continuidade no crescimento de novos lançamentos em 2025. No entanto, o aumento dos custos de construção continua sendo um desafio.
Nos 12 meses encerrados em novembro, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) subiu 6,34%, com destaque para os aumentos de 8,22% em mão de obra e 5,18% em materiais e equipamentos. Esses percentuais superam a inflação oficial, medida pelo IPCA, que registrou alta de 4,87% no mesmo período.
Em relação à geração de emprego do setor, de janeiro a outubro de 2024, o setor criou 230.856 postos formais de trabalho, resultado positivo, mas 8,77% inferior ao do mesmo período de 2023. A desaceleração na geração de vagas é atribuída, em parte, à redução no ritmo de contratações no segmento de infraestrutura.
Isso tudo posto, a entidade acredita que o setor continuará sendo impulsionado por investimentos privados já contratados em infraestrutura e pela expansão do Minha Casa, Minha Vida, que deve seguir favorecendo o mercado imobiliário.
O único nó que precisa ser desatado, porém, é a concessão de crédito que, com a Selic alta, deve permanecer cara para a maioria dos bolsos brasileiros.
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