Acertou quem apostou em uma alta de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic. O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou, no início desta noite (11), que elevou os juros de 11,25% para 12,25% ao ano na última reunião do ano. A decisão foi unânime entre os nove membros do colegiado.
A alta é até mesmo maior do que a mediana das projeções do mercado financeiro do Boletim Focus do BC divulgado na última segunda-feira (9), que apontava a Selic em 12% ao fim deste ano. Ou seja, a aposta era de uma alta de 0,75 p.p. na reunião de hoje.
Assim, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, encerra a sua participação na última reunião do colegiado presidida por ele com a maior dose de aumento desde o início do ciclo de ajuste para cima, em setembro deste ano.
De acordo com o comunicado divulgado com a decisão, “o ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Federal Reserve, o banco central dos EUA]”. Por essa razão, o colegiado preferiu manter a cautela e elevar os juros.
Cenário doméstico apresenta dinamismo e inflação desancorada, diz Copom
Sobre o mercado doméstico, o comunicado menciona o dinamismo da economia refletido no conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho, “com destaque para a divulgação do PIB [Produto Interno Bruto] do terceiro trimestre”, que avançou 0,9% – acima das projeções de analistas.
“A inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta para a inflação e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes”, aponta o comunicado.
Para 2024 e 2025, o comunicado aponta que a mediana das projeções indicadas no Boletim Focus “elevaram-se de forma relevante e encontram-se em torno de 4,8% e 4,6%, respectivamente”.
Por sua vez, “a projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4,0% no cenário de referência”.
O Copom vê, portanto, o cenário como “mais adverso do que na reunião anterior” e que persiste “uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação”, com “desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado” e “maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo”.
O colegiado ainda avalia que a decisão de elevar a Selic em 1 ponto percentual “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante” e que a “decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
O mandato de Campos Neto à frente do BC termina em 31 de dezembro deste ano. Ele será substituído pelo Diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo.
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