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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga nesta quarta (19) uma provável alta da taxa básica de juros, a Selic. Esta é a segunda reunião sob a liderança de Gabriel Galípolo. A maior parte dos economistas prevê um aumento de um ponto percentual, elevando a Selic de 13,25% para 14,25% ao ano.
Se a expectativa se concretizar, a Selic irá atingir o maior nível desde 2016. Será a quinta alta consecutiva do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sendo a terceira seguida de 1 ponto percentual (p.p). Previstas desde final de 2024, as três altas de mesmo percentual, segundo reuniões passadas do BC, se justificam “diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação”.
Entretanto, há divergências quanto ao que acontecerá nos próximos meses. Enquanto alguns especialistas acreditam que o atual ciclo de alta dos juros está próximo do fim, com possível estabilização a partir de maio, outros avaliam que novos aumentos podem ocorrer.
Na ata da última reunião, os diretores mencionaram como justificativa do aumento da taxa além da inflação corrente e da taxa de câmbio, o cenário externo como “desafiador”, principalmente levando em conta incertezas com relação à política econômica nos Estados Unidos, principalmente relacionadas às tarifas de Trump.
Outro dado importante para as projeções econômicas é o Boletim Focus, publicado nesta segunda-feira (17) pelo Banco Central. Pela primeira vez em 20 semanas, os analistas do mercado reduziram suas projeções para a inflação de 2025. A nova estimativa indica que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 5,66%, uma leve queda em relação aos 5,68% projetados na semana anterior.
A decisão do Copom pode impactar tanto o mercado financeiro quanto a economia real. O aumento da Selic, com a premissa de combater a inflação, encarece o crédito, o que pode desacelerar o consumo e os investimentos, e até levar a um cenário de desemprego. Também impacta negativamente as contas públicas.
Em entrevista ao ICL, economista Carla Beni afirma que aumento da Selic não resolve problema da inflação no Brasil
A professora Carla Beni, economista da FGV, explicou em entrevista ao ICL Mercado e Investimentos nesta segunda (17), que o aumento da taxa Selic para conter uma inflação de custos, como é o caso do Brasil, é uma medida ineficiente.
“Nós estamos comemorando há dois anos um PIB que cresce mais de 3%, uma retomada da massa salarial, uma melhora do emprego e da renda. Então, quando você contrai a economia, o que acontece? Esse grupo da população que foi inserido vai ser expurgado em grande medida”, disse Carla Beni.
Para ela, o “remédio” receitado para a inflação brasileira não está adequado. “O que eu vejo do diagnóstico da inflação brasileira e desse remédio amargo trazido como consequência, que é a alta dos juros, é que já parte de um diagnóstico errado e que esse remédio vai acabar, na marra, baixando a inflação, mas enforcando um setor muito importante que é o setor urbano, diminuindo a renda das pessoas, podendo aumentar o desemprego”.
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