A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, disse que a chinesa DeepSeek mostrou que é possível aos países emergentes desenvolver uma tecnologia de inteligência artificial (IA) de baixo custo. Portanto, o país vai “beber da fonte” da empresa, mas com a finalidade de construir modelos próprios.
“A gente quer desenvolver nossos próprios modelos. Mas é óbvio que a gente bebe na fonte daquilo que é mais avançado, até para ter agilidade no desenvolvimento”, disse a ministra em entrevista à CNN.
“O aspecto que considero mais importante é: há um debate de que o volume de investimentos necessário para competir em IA seria inalcançável para emergentes. A DeepSeek conseguiu, com menos recurso, ter a mesma resposta que ChatGPT e outras. Isso reforça a viabilidade do que planejamos”, completou.
No ano passado, a pasta apresentou um plano com R$ 23 bilhões em investimentos em IA para o período entre 2024 e 2028. Cerca de R$ 14 bilhões serão destinados a projetos de inovação empresarial, enquanto mais de R$ 5 bilhões serão investidos em infraestrutura e desenvolvimento de IA.
Há um otimismo dentro do governo de que é possível competir, em pé de igualdade, dentro dessa seara.
Sobre isso, Luciana elencou como vantagens competitivas do Brasil a abundância em energia limpa e água, recursos vitais para IA.
Efeito DeepSeek pode acelerar investimento em IA no Brasil
Os R$ 23 bilhões previstos para investimento em inteligência artificial aproxima o Brasil do padrão de países europeus, embora ainda esteja muito atrás de Estados Unidos e China. “Quando concebemos o plano, reforçamos que não havia razão para estar atrás nesta corrida tecnológica”, disse a ministra.
Em uma entrevista à CNN, o secretário de Inovação do MDIC (Ministério da Indústria e Comércio), Uallace Moreira, disse que o Brasil está entre os países emergentes com capacidades internas preparadas para, com os incentivos adequados, aproveitar janelas de oportunidade em tecnologias disruptivas, como a IA.
Na semana passada, a startup de tecnologia sediada em Hangzhou lançou um assistente digital gratuito que, segundo ela, usa menos dados e custa uma fração do custo dos modelos de empresas já estabelecidas, possivelmente marcando um ponto de virada no nível de investimento necessário para a IA.
O jornalista do ICL André Graziano testou o aplicativo do DeepSeek e descobriu que ele tem outras características marcantes além das inovações técnicas. Segundo informou o próprio DeepSeek no teste, as informações entregues pela sua IA têm restrições impostas em assuntos considerados sensíveis pelo governo da China.
O teste de Graziano partiu da seguinte pergunta: será que o DeepSeek é livre em todos os sentidos? Para saber o que aconteceu, clique aqui.
A chinesa DeepSeek chacoalhou os mercados financeiros globais nesta semana. Na segunda-feira (27), a empresa ultrapassou o rival norte-americano ChatGPT em downloads na App Store, pois oferece alternativa mais barata de IA.
O movimento colocou em xeque a sustentabilidade do nível de gastos e investimentos em IA por empresas ocidentais, incluindo Apple e Microsoft.
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