Com o desafio de alcançar um resultado primário neutro em 2025, o governo federal vê nos dividendos extraordinários da Petrobras uma possível saída para reforçar o caixa e equilibrar as contas públicas. A própria presidente da estatal, Magda Chambriard, admitiu na última quarta-feira (18) estar com os “dedos cruzados” para que haja espaço financeiro para distribuir esses recursos aos acionistas — entre eles, a União, principal beneficiária.
“Estamos fazendo todo o esforço para isso. Agora vamos ver se o nível de preço do petróleo permite”, declarou a executiva em coletiva para apresentar o balanço do seu primeiro ano à frente da companhia.
Apesar da expectativa do Ministério da Fazenda, o mercado segue cético. A capacidade da Petrobras de pagar dividendos extraordinários depende de uma combinação de fatores: cotação do barril de petróleo, nível de endividamento da empresa e pressão por investimentos futuros.
A expectativa de analistas é de que, diante do cenário atual, a estatal provavelmente não distribuirá dividendos extras com base nos resultados de 2025. A avaliação está ligada ao esforço da nova gestão em focar mais em investimentos de longo prazo do que em retornos imediatos aos acionistas.
Combustíveis, guerra e volatilidade podem impactar Petrobras
A volatilidade nos preços internacionais do petróleo, intensificada pela recente escalada de tensões entre Israel e Irã, também impõe cautela.
Segundo Magda, a Petrobras não pretende reagir de forma precipitada aos aumentos recentes. “Não fazemos movimentos abruptos. Só ajustamos preços quando vemos uma tendência clara e certa estabilidade”, disse.
Mesmo com a alta do petróleo, a estatal tem buscado proteger sua fatia no mercado interno, diante da crescente concorrência com refinarias privadas e importadores. “Estamos de olho no nosso mercado e não queremos perder espaço”, reforçou a presidente.
Exploração e investimentos seguem firmes
Apesar do aperto fiscal e das incertezas globais, a Petrobras mantém firme seu apetite exploratório. Magda reafirmou que a companhia estará presente em todas as licitações nacionais, independentemente do cenário internacional. “Qualquer que seja a licitação, estaremos lá”, garantiu.
A diretora de Exploração e Produção, Sylvia Anjos, destacou que a Petrobras já está de olho, inclusive, em áreas fora do Brasil, como África e Índia.
Neste mês, a estatal arrematou 13 blocos no 5º ciclo da Oferta Permanente da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), com um desembolso previsto de R$ 139 milhões. O investimento é mais um indicativo de que, apesar das pressões por dividendos, a empresa está comprometida em ampliar sua atuação em novos campos.
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