O governo do presidente Lula (PT) tem empreendido todos os esforços necessários para evitar a alta dos preços dos alimentos, que continuam impactando a inflação oficial do país. Porém, a guerra comercial liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e as consequentes oscilações da divisa norte-americana devem continuar impactando os preços dos alimentos no país.
“Com a guerra tarifária, o dólar saiu de R$ 6,30 para R$ 5,70. Esta semana, teve variação para cima. [Desse modo] Todos os alimentos podem voltar a alterar seus preços. Queremos o dólar a R$ 5,70. O governo fez sua lição de casa. Terminamos o ano passado com déficit zero, mas o dólar alto faz os preços dos alimentos subirem e os insumos também, como fertilizantes, embalagens”, disse o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira, entrevistado nesta sexta-feira (11) no ICL Notícias 1ª edição.
Hoje, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), encerrou o mês de março com avanço de 0,56%, após registrar alta de 1,31% no mês anterior. Apesar da desaceleração, o Grupo Alimentos e bebidas segue impactando o indicador, principalmente tomate, ovos e café.
Teixeira disse que todos os alimentos precificados em dólar subiram nas bolsas internacionais. Com isso, “exportar ficou mais vantajoso do que fornecer para o mercado interno”.
No entanto, ele avalia que os preços nos supermercados estão hoje “melhor do que estiveram em dezembro”. “Mas temos que vigiar para que continuem a abaixar. Fazemos reuniões semanais acompanhamento de preços”, afirmou.
Medidas tomadas pelo governo para baixar os preços dos alimentos
“O governo baixou tarifa [de importação]. Produtos como azeite de oliva, óleos estão diminuindo de preços no mercado. Também adotamos medidas para promover a produção. O arroz já esteve R$ 36, R$ 40. Hoje se encontra a R$ 23, R$ 24 o pacote de cinco quilos. As carnes começaram a baixar de preços”, lembrou o ministro, referindo-se às medidas anunciadas pelo governo em janeiro.
Ele lembrou ainda que o café, por exemplo, continua alto por questões ambientais, que reduziram a safra no Vietnã, um dos maiores produtos do grão no mundo.
Em relação aos ovos, Teixeira vê redução no preço do produto a partir de maio, quando termina a Quaresma, período em que os católicos deixa de comer carne para comer ovos.
Reunião sobre proteínas
“Na semana que vem vamos fazer reunião sobre proteínas – carnes e ovos – [liderada] pelo vice-presidente Geraldo Alckmin”, contou. “Precisamos continuar fazendo esforço de produção e controle do dólar para reduzir impacto no bolso do brasileiro”, completou.
Além disso, o governo está discutindo temas como embalagens de alimentos que também acabam impactando os preços.
Ele lembrou ainda que houve recorde de financiamento agrícola no governo Lula 3. “Tivemos [em 2024] a maior safra da história do Brasil. Foram 325 milhões de toneladas de grãos. A coisa no campo está indo bem. Agora tem variável internacional”, ponderou.
Veja a entrevista completa do ministro no vídeo abaixo:
Leia também
Relacionados
Agricultor assassinado na mesma região que Dorothy Stang denunciava invasões no Pará
Ronilson de Jesus Santos foi executado com tiros na cabeça em Anapu, um dos lugares com mais conflitos agrários no país
‘Comida mais cara tem a ver com a falta de reforma agrária’, diz pesquisadora
A presidenta da Associação Brasileira de Reforma Agrária afirma que combater a concentração de terras ainda é ferramenta para reduzir a fome
Conheça a técnica usada pelo MST na Venezuela para produzir mais rápido
Modelo Mandala é espaço circular com o plantio de diferentes alimentos; no centro, a produção de proteínas