Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou Fernando Haddad para a pasta da Fazenda, o mercado financeiro torceu o nariz. Passados quase sete meses desde a posse, os bons números da economia brasileira – resultado do bom trabalho que a equipe econômica liderada por Haddad tem feito – falam por si.
Diante do cenário positivo atual, economistas têm reconhecido que os números da economia brasileira estão mais consistentes, com dados de inflação, desemprego e taxa básica de juros (Selic) em queda e diversos indicadores apresentando melhora. Para coroar o feito, quatro agências de classificação de riscos, incluindo a uma das mais relevantes de todas, a Fitch Ratings, elevaram a nota de crédito soberano do país recentemente.
Somado a isso, o dólar também caiu, chegando a bater nos R$ 4,72 na mínima do ano, em julho, principalmente devido à reancoragem da inflação brasileira para dentro da meta. Para o fim deste ano, analistas do mercado financeiro projetam um câmbio em R$ 4,91.
A Bolsa brasileira também vem colhendo bons resultados. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou julho na casa dos 120 mil pontos, e esse quadro deve melhorar principalmente o início do ciclo de queda da Selic.
Reportagem do UOL ouviu analistas a respeito da economia brasileira. Eles reconhecem que os números, hoje, estão mais consistentes.
Para começar, a inflação no acumulado em 12 meses caiu para o menor patamar em quase três anos e o desemprego caiu para 8%, a menor taxa para um segundo trimestre desde 2014. As projeções para o crescimento da economia também têm sido revisadas para cima, conforme salientou a reportagem.
“Ainda temos algumas incertezas no cenário, mas um otimismo maior com a desaceleração da inflação. Se não tiver nenhum agravamento por clima ou preço do petróleo, podemos ter até uma inflação dentro do intervalo de tolerância da meta [em 2023]”, disse André Braz, economista da FGV Ibre, ao UOL.
“Quando olhamos para frente, para além dos impactos da política, acho que podemos ter otimismo. Com a reforma tributária, arcabouço fiscal, que levaram à revisão do rating Brasil, tudo isso gera condições para um crescimento sustentável a longo prazo”, frisou Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, também ao UOL.
Obviamente, eles reforçaram que ainda há aspectos a serem melhorados, mas isso até mesmo Haddad já reforçou e, por essa razão, ele vem buscando uma articulação bastante frutífera com o Congresso para fazer avançar a pauta econômica do governo.
PIB da economia brasileira, no entanto, ainda não deve crescer forte este ano, devido aos juros, que permanecem elevados
Na última quarta-feira (2), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia (Selic) de 13,75% para 13,25% ao ano. Foi a primeira queda em três anos.
Embora seja uma boa notícia, a má é que os juros ainda continuam em patamares elevados e devem continuar impactando a retomada econômica com mais vigor.
Esse é um dos motivos para que o PIB (Produto Interno Bruto) não seja forte neste ano. Isso porque, se, por um lado, a taxa de juros alta ajuda a controlar a inflação, por outro, pressiona o consumo e a atividade econômica. A projeção atual do mercado, segundo o último Boletim Focus do Banco Central, é de um crescimento econômico de 2,24% em 2023, abaixo dos 2,9% de 2022.
Conforme o próprio Copom reforçou no comunicado divulgado com a decisão, para que os juros continuem caindo, é necessário que o Congresso Nacional dê a sua contribuição, aprovando pautas importantes, como o arcabouço fiscal, que substituirá o teto de gastos para controle do crescimento das despesas do governo; a reforma tributária; e o projeto do voto de qualidade do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
Todos esses são projetos importantes da agenda econômica do governo Lula, que contribuem para o controle das contas públicas e, consequentemente, aumento da arrecadação.
Ao UOL, o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, explicou que o cenário atual dá mais segurança de que a inflação será controlada. O Itaú, por exemplo, revisou a sua projeção de taxa Selic ao final do ano para 11,75% e avaliou ainda que “não é possível descartar que ocorra aceleração ao final do ano, ou antes”.
Um dos aspectos ressaltados é que os preços dos combustíveis podem dificultar um pouco a desaceleração da inflação, pois, em julho, o governo voltou a cobrar integralmente os impostos federais que haviam sido desonerados no ano passado.
Quando os combustíveis ficam mais caros, tendem a impactar diversos outros preços, já que a maior parte dos transporte no Brasil é feito pelo modal rodoviário, e os caminhões usam diesel para abastecimento. Vale lembrar também que a gasolina é o item com maior peso no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Mas o sócio da Tendências reforçou que “está criado realmente o ambiente propício, com fundamentos, para que o Banco Central possa reduzir as taxas de juros de uma maneira mais consistente e sustentável” ao longo do ano.
Por outro lado, o Brasil ainda tem 8,6 milhões de desempregados e a expectativa é de que taxa aumente um pouco nos próximos meses. A queda dos juros também demora a impactar no mercado de trabalho. Apesar disso, se houver aumento do desemprego, ele deve ser irrelevante, segundo os economistas consultados pelo UOL.
Redação ICL Economia
Com informações do UOL
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