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Economista do ICL comenta efeito Trump nas bolsas: ‘Vai ser difícil a gente saber o fundo do poço’

A economista e apresentadora do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna, abordou a volatilidade das bolsas mundiais no ICL Em Detalhes de terça-feira (8)
09/04/2025 | 07h16
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A imprevisibilidade do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que muda tudo o tempo todo desde que tomou posse, em 20 de janeiro, tem trazido muita instabilidade aos mercados financeiros globais e a conjuntura deve continuar assim, no ritmo da volatilidade, segundo a economista e apresentadora do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna. “Vai ser muito difícil a gente saber o fundo do poço, porque o fundo do poço no mercado é o mais difícil da gente saber”, disse em entrevista ao ICL Em Detalhes exibido na terça-feira (8).

A situação piorou a partir de 2 de abril, quando foram anunciadas o que Trump vem chamando de “tarifas recíprocas” contra 180 parceiros comerciais dos EUA.

O caldo vem entornando desde que a China, principal alvo do tarifaço de Trump, começou a revidar. Isso trouxe temor de uma escalada na guerra comercial global e suas consequências à economia global. Nesta quarta-feira (9), por exemplo, entram em vigor tarifas de 104% sobre produtos importados da China.

“Ele [Trump] vai jogando várias tarifas e isso vai gerando instabilidade. Isso é o grande problema, porque é um cenário que ninguém consegue navegar com certeza. Ele é uma bomba relógio – vai colocar uma coisa nova que vai desconsertar todo mundo. É um mar muito difícil de navegar. O próprio dirigente do Fed [Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o banco central estadunidense] disse na semana passada que é melhor encostar o carro e ligar o pisca alerta porque não se tem visibilidade para a frente”, disse Deborah.

Mercado financeiro

“O mercado age na expectativa, o mercado age no boato e, quando o fato acontece, muito já foi precificado. Os mercados já estavam precificando tudo isso [o tarifaço de Trump] na semana passada. Vimos o derretimento das bolsas, principalmente as nova iorquinas, acontecendo do meio para o fim da semana, e isso veio da expectativa de como essas tarifas iam bater nos Estados Unidos – no setor automotivo, no setor de tecnologia. Quando as tarifas são anunciadas, ainda tem um efeito acontecendo, porque tem todo um medo de como os países vão responder a isso”, explicou a economista do ICL.

Piso das bolsas

“As bolsas têm um piso. As bolsas nova iorquinas estavam operando em alta há muito tempo. Elas têm um preço que vale a pena para o investidor vender o ativo, embolsar o lucro. Isso começa a desencadear um movimento de queda, uma bola de neve. Elas vão caindo cada vez mais, as pessoas ficam com medo e vendem também. Vão buscar esse ganho em outro lugar. Foi esse movimento que a gente viu acontecer na semana passada. Só que elas [as bolsas] têm um piso, que é o máximo que elas batem e as pessoas pensam em vender. O outro piso acontece depois de [as bolsas] caírem por vários dias seguidos. Quando isso acontece, o investidor pensa: ‘será que já está bom para comprar de novo?’. Esse é o movimento que a gente está vendo agora [ontem, 8 de abril], de leve recuperação de Nova York”, disse.

Negociação

“O que vejo é o Trump tentando negociar com os países de uma forma desigual. Ele joga uma tarifa lá em cima e diz ‘se você quiser ouvir aqui minhas condições e aceitar o que tenho para te propor, talvez eu mude de ideia’. Eu vejo uma negociação com termos desiguais e ele está tentando fazer isso o tempo todo”, observou.

Bilionários

“Ele [Trump] está mexendo com vários setores – não só os bilionários que podem ter fortunas em bolsas e serem grandes investidores. Ele está desagradando vários setores dia após dia. Começou com o setor automotivo, autopeças e veículos. Nos Estados unidos, as plantas [dessas empresas] não estão mais lá. Não é interessante ter planta produtiva nos EUA para muitas empresas, então elas montam onde a mão de obra é mais barata. Empresas de tecnologia estão na Ásia. Será que vale a pena para elas voltarem para os Estados Unidos? Nisso ele está desagradando um monte de gente”, pontuou.

Veja a entrevista completa de Deborah Magagna no vídeo abaixo:

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