Em nota, a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED) e o Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo manifestaram repúdio à decisão da Ordem dos Economistas do Brasil de conceder a premiação de “Economista do Ano” ao presidente da Argentina, Javier Milei.
Confira as notas na íntegra:
A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED) manifesta seu veemente repúdio à decisão da Ordem dos Economistas do Brasil de conceder a premiação de “Economista do Ano” ao presidente da Argentina, Javier Milei. Essa escolha não apenas legitima um projeto econômico destrutivo e antidemocrático, como também revela uma preocupante adesão a uma agenda ultraliberal que compromete o desenvolvimento social e econômico da América Latina.
Milei tem conduzido a economia argentina por um caminho de desmonte do Estado, desregulamentação selvagem e ataques aos direitos sociais e trabalhistas, aprofundando a recessão, a desigualdade e a instabilidade econômica. A suposta estabilização da inflação, amplamente exaltada por seus defensores, nada mais é do que a repetição de políticas desastrosas de supervalorização do peso, historicamente responsáveis por sucessivas crises no balanço de pagamentos do país.
Mais grave ainda é a submissão ideológica de Milei às políticas autoritárias e persecutórias de Donald Trump, evidenciando um alinhamento internacional com forças reacionárias que atentam contra a soberania nacional e os direitos dos povos.
Ao premiar Milei, a Ordem dos Economistas do Brasil não apenas chancela esse projeto nefasto, mas também se distancia do compromisso que deveria ter com uma economia orientada pelo bem-estar social, pelo fortalecimento do desenvolvimento nacional e pela democracia. É fundamental destacar que a Ordem dos Economistas do Brasil não fala em nome dos economistas brasileiros, muito menos daqueles que defendem a preservação da democracia e a promoção do desenvolvimento com justiça social. A atual direção daquela entidade demonstra um claro oportunismo ao se apresentar como porta-voz dos economistas brasileiros, tentando legitimar políticas que aprofundam desigualdades e fragilizam a soberania nacional.
A ABED reafirma seu compromisso com uma economia justa, inclusiva e soberana, rechaçando qualquer tentativa de legitimar políticas que condenam os povos ao empobrecimento e à instabilidade.
Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED)
O Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo vem a público – e em particular aos Economistas – mostrar sua surpresa diante da notícia veiculada na data de ontem (25/02/2025) de que a Ordem dos Economistas do Brasil, através de seu Presidente, Manuel Enriquez Garcia, condecorou o Presidente da Argentina, Javier Milei, como “Economista do Ano”.
Diante deste fato, esclarecemos que o prêmio ao Presidente da Argentina não foi entregue pela entidade que representa os Economistas brasileiros. A referida Ordem é uma organização da sociedade civil com pouquíssimos associados com suas contribuições em dia e representa somente esse restrito público.
As únicas entidades com representação legal dos Economistas brasileiros são o Conselho Federal de Economia, uma autarquia federal que regulamenta e fiscaliza o exercício da profissão (Lei nº 1411/1951) e o Sindicato dos Economistas, que atua na defesa da categoria (CLT, art. 513, alínea “a”). No Estado de São Paulo, a representação é feita pelo Corecon-SP, que tem mais de 70 anos de regulamentação e conta com cerca de 15 mil Economistas registrados, e o Sindecon-SP.
Cabe destacar que o Sr. Manuel Enriquez Garcia teve o seu registro de Economista suspenso pelo Cofecon por questões éticas, tendo o Tribunal de Contas da União (TCU) considerado procedentes as denúncias de irregularidades cometidas em sua gestão quando foi Presidente do Corecon-SP, na década passada.
Atenciosamente,
Odilon Guedes
Presidente do Conselho Regional de Economia – 2ª Região
Relacionados
‘Ovo político’: mudança climática, inflação e vendas aos EUA criam desafio para Lula
Exportação de ovos brasileiros para os EUA quase dobrou em um ano, enquanto preço do alimento disparou nos dois países
Senado rejeita indicados de Milei à Suprema Corte da Argentina
Essa é a primeira vez desde a redemocratização da Argentina em 1983 que nomes apontados pelo presidente são descartados
Lula assina decreto que antecipa 13º salário dos aposentados para abril e maio
Pelo cronograma tradicional, os valores seriam depositados somente no segundo semestre