ICL Notícias

Desde o início de seu governo, o presidente Lula (PT) tem feito críticas corretas e contundentes ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alçado ao cargo pelo “posto Ipiranga” do governo Bolsonaro, o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. Na atual disparada do dólar, Campos Neto nada faz para conter o avanço, sendo que o Banco Central tem instrumentos que poderiam minorar os efeitos da especulação.

Além da atuação política para um cargo que exige mais discrição, Campos Neto, que já foi tesoureiro do Santander, tem um patrimônio com investimentos que indicam conflitos materiais, ou seja, ele teria se beneficiado de decisões tomadas por ele mesmo à frente do BC.

Ontem (28), o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) ingressou com uma ação popular inédita, na 2ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal, contra o presidente do Banco Central. O parlamentar acusa Campos Neto de prejudicar deliberadamente a economia brasileira ao, entre outros atos, pressionar para a manutenção da alta taxa de juros Selic e nada fazer para que o BC intervenha no mercado para evitar a especulação com dólares.

Na ação, assinada pelo advogado Ramon Arnus Koele, Boulos sustenta que o presidente do BC age assim basicamente devido a três motivos: por ser adversário político do atual governo; por ter interesse de agradar ao mercado financeiro, para onde vai voltar assim que deixar o comando da instituição; e por lucrar com a alta do dólar em seus investimentos em empresas offshores no exterior.

“A ação fala basicamente sobre a enormidade de conflitos de interesse que foram vividos pelo atual presidente do BC, conflitos de interesse que, neste governo, sempre espirraram para o lado de aumentar juros e jogar estresse no mercado”, disse o economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, na edição desta sexta-feira (29) no ICL Notícias 1ª edição.

“Ele nunca agiu para sinalizar uma economia melhorando e uma trajetória de queda de juros”, completou.

“Parte relevante dos ativos do Campos Neto está atrelada à taxa de juros que ele escolhe”, diz Eduardo Moreira

Segundo Edu Moreira, o mercado vive de expectativas e Campos Neto nunca agiu para “pôr panos quentes”, ou seja, acalmar os ânimos em momentos de nervosismo”. “Esse discurso [de Campos Neto] mexe com expectativas, mexe com a curva futura de juros”, disse.

O economista lembrou ainda que, a despeito dos bons números da economia, com crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), inflação sob controle e desemprego em baixa, em todos os seus discursos, Campos Neto estava “sendo pessimista e colocando estresse no mercado, porque colocar estresse no mercado tem custo financeiro, porque colocar estresse no mercado faz com que as pessoas pressionem pela alta de juros”.

Ele comentou ainda que a ação de Boulos coloca sob suspeita conflito material do presidente do BC em alguns de seus investimentos, “já que parte relevante dos ativos do Campos Neto está atrelada à taxa de juros que ele escolhe” nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, colegiado que define a taxa básica de juros, a Selic.

Veja o comentário completo de Eduardo Moreira no vídeo abaixo:

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