Na noite de sexta-feira (11), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou alívio nas chamadas “tarifas recíprocas” para produtos tecnológicos, como smartphones, laptops e semicondutores. Depois, disse que a medida deve ter caráter temporário. “É óbvio que o Trump recebeu uma pressão da ‘turminha das big techs’ que foi lá na posse dele, que está bajulando ele desde o começo”, disse o economista e fundador do ICL, Eduardo Moreira, durante participação no ICL Notícias 1ª edição desta segunda-feira (14).
Na avaliação de Moreira, as medidas de Trump “parecem conversa de botequim nos corredores da Casa Branca”, uma vez que não são pautadas por teorias econômicas, mas muito mais na “psicologia” do que vai na cabeça do republicano. “Ninguém tem a menor ideia do que vai acontecer”, pontuou. “Estamos falando do presidente da nação econômica mais poderosa do mundo, do negócio que impacta o mundo inteiro”, completou.
As empresas norte-americanas vêm perdendo valor de mercado com o vai e vem das bolsas internacionais desde que o tarifaço global foi anunciado por Trump em 2 de abril. As 500 maiores empresas norte-americanas perderam, entre o dia 1º e 8 de abril, US$ 8 trilhões em valor de mercado, sendo a maioria da área de tecnologia.
Trump desorganiza as cadeias globais
Os anúncios e recuos de Trump, que soam mais como um blefe, já estão, segundo Moreira, desorganizando as cadeias globais.
“Se eu sou uma empresa americana, eu dependo de produtos de fora dos EUA – essa é a realidade de quase 100% das empresas norte-americanas. Existe uma coisa chamada cadeia global de suprimento. O cara produz um computador, ele tem que comprar o plástico em um lugar, o chip de outro lugar, a placa de vídeo de outro lugar. [Por sua vez,] O que cara que faz o chip compra o metal de outro lugar. O mundo inteiro está interconectado”, disse Moreira.
Portanto, quando Trump muda as regras do jogo, a primeira reação das empresas quando ele diz que vai elevar tarifas é “comprar um monte”.
O economista comentou a notícia de que a Apple, por exemplo, agiu rapidamente para proteger seus produtos se antecipando ao tarifaço de Trump.
A empresa transportou 1,5 milhão de iPhones — o equivalente a cerca de 600 toneladas — produzidos na Índia diretamente para os Estados Unidos nos últimos dias.
Bolsas
Moreira comentou os impactos das medidas de Trump nas bolsas. “Se você pegar hoje o gráfico da bolsa americana e se você pegar o da bolsa brasileira e do dólar no Brasil, é a mesma coisa. O que está acontecendo nos EUA está ditando o que vai acontecer no mundo inteiro. Por isso que a gente tem que entender no detalhe o que vai acontecer – uma missão quase impossível de compreender devido à cabeça caótica do Donald Trump”, pontuou o economista.
Veja o comentário completo de Eduardo Moreira no ICL Notícias 1ª edição no vídeo abaixo:
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