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Eliminação da desigualdade de gênero levará 132 anos, diz Fórum Econômico. Brasil aparece em 94º lugar entre 146 países

País aparece atrás de vizinhos como Argentina, Peru, Bolívia, Uruguai e Colômbia, e com indicador muito baixo no quesito empoderamento político das mulheres
13/07/2022 | 14h54

O processo global em direção à paridade na economia, educação, saúde ou participação política é tão lento que, ao ritmo atual, serão necessários 132 anos para eliminar a desigualdade de gênero. O alerta consta do relatório Global Gender Gap Report, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial e publicado na terça-feira (12). Foram analisados 146 países e o Brasil aparece em 94º lugar na lista.

Embora indique que, nos últimos 12 meses, tenha ocorrido um ligeiro avanço frente aos 136 anos calculados em 2021 em relação a desigualdade de gênero, isso não compensa os recuos ocorridos nos primeiros dois anos da pandemia de Covid-19, conforme dados da relatório.

Dos países analisados, pelo 13º ano consecutivo a Islândia aparece como a nação onde há a maior igualdade de gênero no mundo. Na sequência estão Finlândia, Noruega, Nova Zelândia e Suécia, ou seja, todos países considerados ricos e muito desenvolvidos.

O Brasil ocupa a 94ª posição no ranking geral global de desigualdade de gênero, com pontuação de 0,696 (de 0 a 1), ficando classificado abaixo do Chipre (93º) e acima de Belize (95º). Na comparação com países  vizinhos, o Brasil fica bem atrás de Argentina (33º), Guiana (35º), Peru (37º), Bolívia (51º), Uruguai (72º), Colômbia (75º) e Paraguai (80º).

Para elaborar o cálculo sobre a desigualdade de gênero, o Fórum Econômico Mundial considerou quatro áreas diferentes: participação econômica e oportunidade; nível de escolaridade; saúde e sobrevivência; e empoderamento político. O estudo também avaliou o impacto sofrido diante de eventos globais, como a pandemia.

A mudança mais significativa que o Brasil registrou este ano em relação a desigualdade de gênero foi no indicador de Participação Econômica e Oportunidade, no qual melhorou sua classificação em relação ao ano passado em quatro posições. Porém, enquanto o país ganha pontos nos quesitos igualdade de oportunidade educacionais (1 ponto), ainda deixa muito a desejar na participação econômica e oportunidades (0,669) e, principalmente, empoderamento político (0,136).

Mercado de trabalho e renda refletem desigualdade de gênero

Quando o assunto é mulheres no mercado de trabalho, até 2020 a desigualdade de gênero vinha diminuindo em todo o mundo. No entanto, com a pandemia de Covid-19, essa tendência se inverteu. Embora os homens também sofram com a falta de trabalho (6,1%), as mulheres seguem liderando o ranking do desemprego (6,4%).

Além disso, foram as mulheres que assumiram os trabalhos de assistência após o fechamento de escolas e creches, e também já eram elas que sofriam com trabalho não remunerado, uma questão intensificada com a pandemia.

De acordo com o relatório, a paridade de rendimentos estimados melhorou ligeiramente no Brasil (alta de 0,052 ponto), mas isso só aconteceu porque a renda dos homens diminuiu. Em 2022, as mulheres ganham 1% a mais do que em 2021, enquanto os homens ganham 7% menos.

Na participação de mulheres na força de trabalho, o Brasil figura no 85ª lugar, contra o 89º no relatório do ano anterior do Fórum Econômico.

Outro recente estudo constata que o mercado de trabalho brasileiro continua com suas características misóginas. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) trimestral, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destacou que a diferença nos índices de desemprego entre homens e mulheres voltou aos termos históricos, com uma diferença entre 4 e 5 pontos percentuais. Atualmente, o desemprego entre as mulheres é de 13,7%, enquanto para os homens é de 9,1%.

A importância do fim da desigualdade de gênero é uma agenda global e um fator crítico de prosperidade que precisa ser levada a sério pelas autoridades, segundo o Fórum Econômico Mundial. O estudo da organização recomenda que líderes utilizem a criatividade e o dinamismo do capital humano para, em seus países, desenvolverem políticas para superar as crises e acelerar a recuperação.

Para Saadia Zahidi, Diretora Administrativa do Fórum Econômico Mundial, “a crise do custo de vida está impactando desproporcionalmente as mulheres após o choque das perdas do mercado de trabalho durante a pandemia e a contínua inadequação da infraestrutura de atendimento. Diante de uma recuperação fraca, o governo e as empresas devem fazer dois conjuntos de esforços: políticas direcionadas para apoiar o retorno das mulheres à força de trabalho e o desenvolvimento de talentos femininos nas indústrias do futuro. Caso contrário, corremos o risco de erodir permanentemente os ganhos das últimas décadas e perder os futuros retornos econômicos da diversidade”.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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