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Escassez de combustíveis já é realidade em países mais pobres e em desenvolvimento

Brasil vive disparada dos preços e falta de diesel ameaça mais as regiões Norte e Nordeste
17/06/2022 | 12h45

O mundo enfrenta picos de preços de petróleo e os países, principalmente os mais pobres ou em desenvolvimento, já enfrentam a escassez de combustíveis, provocada pela combinação da dependência da importação, dos preços internacionais altos, de moedas fracas e concorrência das nações mais ricas.

Muitos analistas manifestam a preocupação com a escassez de combustíveis de que o mundo pode viver uma crise que rivalizará ou até excederá as crises do petróleo dos anos 1970 e início dos anos 1980. A crise é resultado principalmente da recuperação da demanda após a pandemia e das sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia, que perturbou os fluxos globais de energia, especialmente para a Europa.

Economias emergentes como Sri Lanka, Laos, Nigéria e Argentina já estão vivenciando escassez de combustível e as medidas tomadas pelos governos ao enfrentamento da crise têm passado por aumento dos subsídios e redução de impostos – o que prejudica as finanças públicas – ou a permissão de aumentos dos preços dos combustíveis, passando a correr o risco de fúria dos consumidores e empresários com a escassez de combustíveis.

O Sri Lanka, por exemplo, tem buscado ajuda do Fundo Monetário Internacional, China, Japão e Índia para pagar por suas importação de combustível. O noticiário internacional já registrou que companhias aéreas que voam para o país precisam transportar combustível de aviação suficiente para a viagem de volta ou abastecer em outro lugar.

No Paquistão, a inflação fez o país mergulhar em uma crise econômica e o governo também busca um resgate do FMI. No entanto, o fundo insistiu que o país aumentasse os preços dos combustíveis para garantir um acordo.

O noticiário internacional dos últimos dias também destaca a crise da escassez de combustíveis na África. O continente produz cerca de 8% do petróleo bruto mundial, mas a falta de capacidade de refinação mantém os países da região refém das importações.

As filas nos postos de abastecimento tornaram-se comuns, na Nigéria e no Burindi. No Senegal, os aviões da Air France que ligam Paris a Dakar fazem escala na ilha espanhola das Canárias para abastecer. Nos Camarões e na África do Sul, os motoristas queixam-se dos preços recorde dos combustíveis e em algumas localidades ficam parados pela falta do combustível.

Na América do Sul, a situação na Argentina se agrava a cada dia. A petroleira estatal YPF decidiu aumentar as restrições para a venda de combustíveis a estrangeiros. De acordo com dados da Federação Argentina de Empresas de Autotransporte de Cargas, 19 províncias (estados) do país enfrentam problemas de abastecimento.

A Agência Internacional de Energia (AIE), por meio do seu chefe do grupo de vigilância, Fatih Birol, alerta para gargalos no abastecimento de gasolina e diesel em todo o mundo.

No Brasil risco de escassez de combustíveis é maior para regiões Norte e Nordeste

No Brasil, temos convivido há meses com a disparada dos preços dos combustíveis e, recentemente, com temores de haverá escassez de combustíveis. No fim de maio, tornou-se pública uma reunião em que a Petrobras levou ao governo a informação de que havia risco de desabastecimento de diesel no país.

Atualmente, conforme o ministério de Minas e Energia, o Brasil importa cerca de 30% do diesel consumido internamente. A outra fatia é produzida nas refinarias brasileiras.

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Brasil corre risco de escassez de combustíveis

Nos últimos meses, o comércio de diesel vem sendo prejudicado por fatores conjunturais. Em primeiro lugar, os países enfrentam um período de oferta menor de combustível, na esteira de eventos como a pandemia de Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

“A relação entre oferta e demanda de diesel, no mundo todo, está apertada e corremos riscos de escassez de combustíveis. Quando houve a pandemia, a demanda, caiu e muitas refinarias foram fechadas no mundo”, explicou o professor Mauricio Tolmasquim, da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro), em entrevista ao UOL. “Com a retomada da economia, a demanda por diesel cresceu muito, com menos refino.”

O professor ressalta que a possível falta de óleo diesel está ligada à dificuldade dos importadores em repassar o custo da operação no mercado brasileiro. Apesar dos seguidos aumentos no preço, o valor ainda segue defasado em relação ao mercado internacional.

A Petrobras reconhece que o risco de desabastecimento de diesel, escassez de combustíveis, seria maior para as regiões Norte e no Nordeste, que são mais dependentes da importação de combustível.

À reportagem do UOL, o presidente executivo da Abicom, Sergio Araujo, afirmou que essas regiões mais sensíveis ao eventual escassez de combustíveis por serem mais distantes das refinarias nacionais, ou seja, “são regiões que dependem de volume importado ou de óleo enviado por outras partes do país”.

A explicação é que o Nordeste tem hoje três refinarias produtoras de diesel: Abreu e Lima, em Pernambuco; Potiguar Clara Camarão, no Rio Grande do Norte; e Mataripe, na Bahia. Já o Norte tem uma refinaria: Isaac Sabbá, no Amazonas. Em comparação, há quatro refinarias produtoras de diesel só no estado de São Paulo.

Também a Federação Única dos Petroleiros (FUP) alerta que o Brasil corre o risco de desabastecimento de óleo diesel no início do segundo semestre deste ano, em função da prevista escassez de oferta no mercado internacional e do baixo nível dos estoques mundiais. Segundo a FUP, a dependência pelo produto importado revela o equívoco da política do governo Bolsonaro, que não criou novas refinarias, reduziu investimentos no setor do refino e decidiu vender unidades da Petrobras.

Em nota, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) afirmou que “vem atuando diligentemente para se antecipar a riscos ao abastecimento nacional com óleo diesel”.

Redação ICL Economia
Com informações do UOL e agências internacionais

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