A Faria Lima desceu ontem (11) mais uns degraus na escala da falta de ética e moralidade. Com o apoio da grande mídia, foi amplamente noticiado em alguns dos principais veículos de comunicação que o dólar havia caído e o Ibovespa, subido, depois que foi vazado pelo jornal Folha de S.Paulo que o presidente Lula (PT) se submeteria a novo procedimento cirúrgico.
O colunista do ICL Notícias, o jornalista Xico Sá, abordou o tema no artigo “O dia em que a Faria Lima especulou sobre a morte de Lula” (para ler o texto, clique aqui).
O tema também foi abordado pelos economistas e apresentadores do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna e André Campedelli, na edição desta quinta-feira (12) do programa. Eles explicaram que o movimento da Bolsa e do dólar não tem nada a ver com a saúde do presidente, embora ela seja muito importante.

André Campelli. Crédito: Reprodução ICL Mercado e Investimentos/YouTube
“O movimento do mercado [ontem] não teve nada a ver com o que aconteceu com o presidente Lula. O mercado financeiro, in off [sem mostrar o rosto e o nome], deseja a morte de uma pessoa, quer sangue usando um cenário econômico que melhorou. O mercado financeiro ontem e toda a mídia que colocou isso foi canalha! Isso foi uma das coisas mais repugnantes que já vi”, criticou André.
Nas notícias veiculadas, os “analistas” que não mostram o rosto nem dão o nome falam do descontentamento da turma da Faria Lima com o pacote de corte de gastos e a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil anunciados pelo governo. Sendo assim, uma “saída de cena” do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin assumindo o país, seria, digamos assim, melhor para a condução da economia, na visão dos analistas abutres.
“A gente vê parte da mídia tradicional dando voz a essas pessoas como se tivesse essa relação muito forte entre a saúde do presidente com a queda do dólar e alta da Bolsa. A gente tem uma série de fatores macroeconômicos e microeconômicos que mostram que o dólar já vinha caindo. O dólar não começou a cair ontem e não começou a cair depois das 16h20 quando teve a divulgação da informação da Mônica Bergamo [colunista da Folha que divulgou a notícia em primeira mão], de que ele seria submetido a nova cirurgia. O dólar vem caindo desde 9 de dezembro”, afirmou Deborah.
Economista do ICL explica movimento do dólar e da Bolsa
Segundo Deborah, nos últimos dias estão acontecendo reuniões do governo chinês com anúncios de novos pacotes de estímulos à economia. “Isso gera valorização das commodities, com minério de ferro e petróleo subindo desde a segunda-feira [9/12]. O Brasil é grande exportador de commodities, que têm peso na nossa Bolsa. [Cerca de] Trinta por cento do Ibovespa é ligado à Vale e à Petrobras. Então, com a alta de preços das commodities, puxada por demanda chinesa, o que vocês acham que vai acontecer com o dólar?”, disse a economista, reforçando que esse movimento faz com que entrem recursos no Brasil.
Além disso, outros dois fatores contribuíram para o movimento visto ontem:
- Inflação dos EUA: ontem foi divulgado o indicador de inflação CPI nos EUA, que veio dentro do esperado e, portanto, subiu para 100% a chance de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA, reduza a taxa de juros por lá na reunião da semana que vem;
- Copom sobe a Selic: depois do fechamento do mercado financeiro ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou ajuste de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, que subiu de 11,25% para 12,25% ao ano. Segundo Deborah, o aumento de 1 p.p. já estava precificado.
“Com a perspectiva de que dos juros nos EUA e a alta da Selic aqui, para aonde você acha que vai o recurso especulativo? Seria muito estranho se o dólar não caísse ontem. Claro que a internação do Lula é importante, porque ele é o presidente, mas isso não tem peso para derrubar sozinho o dólar”, frisou.
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