O Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) começa a última reunião anual nesta terça-feira (17), e deve anunciar na quarta-feira (18) redução de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros. Analistas estarão de olho no comunicado divulgado com a decisão e na entrevista concedida na sequência pelo presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, que poderão dar sinais sobre os próximos passos.
Somado a isso, será preciso avaliar os impactos da posse do presidente eleito dos EUA, o republicano Donald Trump, na política monetária, uma vez que as promessas de campanha dele podem elevar o déficit fiscal, o que implicaria em uma política de juros mais austera.
Desde a pandemia de Covid-19, os principais bancos centrais do mundo têm mantido uma taxa de juros elevada para controlar a inflação.
No mês passado, em uma decisão consensual, o Fed reduziu em 0,25 p.p. os juros, após ter iniciado o ciclo de queda com um corte de 0,50 p.p. em setembro. Assim, a taxas passaram a oscilar dentro de uma banda entre 4,50% e 4,75%.
Na ocasião, Powell comentou que a vitória de Trump não teria efeitos nas decisões da autoridade monetária. “Não sabemos qual será o momento e a substância de quaisquer mudanças na política. Portanto, não sabemos quais seriam os efeitos na economia”, disse.
Ele admitiu, no entanto, que é possível que as políticas de qualquer administração ou políticas colocadas em prática pelo Congresso possam ter efeitos econômicos que, ao longo do tempo, importariam para a busca do Fed por seus objetivos de mandato duplo.
“Especificamente, se e em que medida essas políticas seriam importantes para a obtenção de nossas variáveis de meta – emprego máximo e estabilidade de preços – não adivinhamos, não especulamos e não presumimos”, disse Powell na ocasião.
Analistas esperam comunicado mais agressivo do Federal Reserve
Os últimos dados macroeconômicos divulgados mostram uma inflação mais firme do que o esperado e um mercado de trabalho saudável. Tudo isso, somado à eleição de Trump e os riscos geopolíticos da vitória do candidato de extrema direita, precisa ser avaliado na mesa.
Por isso, os analistas esperam que o comunicado mais a fala de Powell depois do anúncio da decisão sejam um tanto hawkish, jargão usado por economistas para um tom mais duro ou agressivo contra a inflação.
A expectativa é que o Fed caminhe para um ciclo de pausa no ciclo de afrouxamento ou pelo menos evite se comprometer com novos cortes futuros.
Entre os pontos a serem considerados pela autoridade monetária norte-americana estão:
- Inflação: não houve muita melhora na inflação desde as últimas projeções econômicas do Fed em setembro ou da reunião de política monetária de 6 e 7 de novembro. A meta perseguida pela autoridade monetária é de 2% e, atualmente, o PCE, indicador de inflação perseguido pelo Fed, está em 2,3%.
- Aumento do custo de moradia: houve queda nos custos e, por isso, o indicador PCE parece estar caminhando para uma leitura baixa. Os dados de novembro serão divulgados esta semana, após o término da reunião do Fed.
- Mercado de trabalho resiliente: o mercado de trabalho continua sendo uma das grandes surpresas para o Fed. A taxa de desemprego aumentou de forma modesta desde que o Fed começou a elevar os juros em março de 2022, mas, com 4,2%, continua abaixo da média nacional de longo prazo e bem no nível que o Fed considera representar aproximadamente o pleno emprego. As projeções indicam que a taxa de desemprego termine o ano abaixo do nível de 4,4%.
- Demanda forte: outro sinal de resiliência econômica tem sido o gasto do consumidor, que não mostra muitos sinais de arrefecimento além de seu retorno dos níveis elevados da pandemia da Covid-19 para algo mais parecido com a tendência pré-pandêmica.
A resiliência do mercado de trabalho, principalmente, é um dos motivos pelos quais os membros dizem que querem ser cautelosos em relação a futuros cortes.
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