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Fim do acordo entre Rússia e Ucrânia sobre o Mar Negro pode abrir espaço para grãos brasileiros

Se fim do acordo persistir, analistas veem boas perspectivas para o milho e o trigo produzidos no Brasil. No entanto, ressaltam que ainda é cedo para avaliar.
18/07/2023 | 21h25

O mundo voltou a ficar apreensivo com o anúncio feito pelo governo russo, de que não vai renovar o acordo que permite à Ucrânia exportar grãos pelo Mar Negro. Assim como ocorreu quando a Rússia invadiu a Ucrânia, há quase 17 meses, a decisão deve trazer consequências ruins ao mundo.

No caso brasileiro, se a decisão persistir, alguns grãos produzidos no país podem ganhar espaço no mercado internacional, mas ainda é cedo para avaliar, pois tudo leva a crer que os russos estão blefando para tentar forçar um acordo que beneficie suas reivindicações.

Grosso modo, o que se pode dizer é que o fim do acordo traz riscos de insegurança alimentar a países dependentes dos grãos exportados pela Ucrânia e também aumento nos preços internacionais das commodities, com consequentes impactos inflacionários ao redor do mundo.

A Ucrânia é um grande exportador de óleo de girassol, milho, trigo e cevada. Ontem (17), os preços desses produtos já subiram com o anúncio do fim do acordo.

Quando a Ucrânia foi invadida pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022, 20 milhões de toneladas de grãos haviam ficado represados, sem poderem ser escoados a outros países, o que também mexeu com os preços desses produtos. Mas, logo depois do anúncio do acordo sobre o Mar Negro, as cotações voltaram a cair.

Para o Brasil, especificamente, o início do conflito provocou escassez de determinados produtos, como fertilizantes, com impactos para o agronegócio. A Ucrânia é um dos grandes fornecedores desses insumos mundialmente, e o Brasil chega a importar 85% desses produtos.

O acordo permitia que navios de carga ucranianos passassem pelo Mar Negro a partir dos portos de Odesa, Chornomorsk e Yuzhny/Pivdennyi. Graças ao arranjo, mais de 32 milhões de toneladas de alimentos ucranianos chegavam aos mercados mundiais. Agora, a Ucrânia precisará encontrar rotas alternativas se a Rússia não voltar atrás.

Países africanos e do Oriente Médio são os que mais dependem da importação de grãos ucranianos.

Se fim do acordo Rússia e Ucrânia persistir, alguns grãos produzidos no Brasil podem levar vantagem

Em termos de suprimento, o fim do acordo não afeta o Brasil, uma vez que o país consegue se abastecer. Alguns analistas veem até mesmo consequências positivas para alguns grãos específicos.

Embora ressalte que ainda é cedo para avaliar as consequências, Paulo Molinari, consultor sênior de milho na Safras & Mercado, destacou ao Money Times que o milho e o trigo seriam os produtos mais afetados.

“O milho e o trigo seriam os produtos mais afetados. [Com o] 4º maior exportador de milho [Ucrânia] apresentando dificuldades de embarques, deve ajudar as vendas do Brasil”, disse.

Também ao Money Times, Elcio Bento, analista de trigo da Safras, disse que a possível saída da Ucrânia do mercado, importante fornecedor de trigo e milho, trará impactos positivos para os países que podem se beneficiar dessa ausência.

“No caso do trigo, o Rio Grande do Sul precisa escoar excedentes. Essa maior participação nas exportações é necessária e vai ocorrer independente da presença ou não do saldo ucraniano no mercado. Dessa forma, o que pode mudar é o patamar de preço que ele será vendido, sendo esse o principal fator para o setor”, explicou.

Contudo, tudo levar a crer que a Rússia está mais tentando forçar a barra para ter seus pleitos atendidos na renovação do acordo.

O presidente da Turquia, Recep Erdogan, disse que está confiante que a Rússia manterá o acordo, pois os russos teriam suspendido o acordo apenas para negociar, pois o país está em situação frágil na guerra.

A Rússia acreditava que venceria a Ucrânia na força, mas os ucranianos têm se mostrado bastante resilientes.

Os russo já perderam muitas pessoas e sofreram muitas derrotas e a situação de agora é bem diferente daquela do início do conflito.

O que o presidente russo Vladimir Putin tenta é negociar a redução das sanções contra a Rússia.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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