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Economia

No Fórum Econômico Mundial, relatório aponta novos 573 ultrarricos durante a pandemia

A riqueza total dos bilionários do mundo é hoje equivalente a 13,9% do PIB global
23/05/2022 | 12h30

Teve início, neste domingo (22), a 51ª edição do Fórum Econômico Mundial, na cidade de Davos, na Suíça. O evento, que voltou a ser presencial, reúne cerca de 250 convidados entre líderes de países, ministros, banqueiros centrais e representantes do setor privado, que discutem a situação atual da economia global e como lidar com seus desafios. Neste ano, as discussões devem ser marcadas pelos efeitos da Covid-19 e da guerra da Ucrânia na economia mundial

O evento prossegue até quinta-feira (26) e estão confirmadas falas do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, do presidente da Colômbia, Ivan Duque, do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. O presidente Jair Bolsonaro não participa. O principal nome da delegação brasileira é do ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo o ministério, ele vai apresentar o Brasil como um destino privilegiado para investimentos.

Oxfam apresenta relatório no Fórum Econômico Mundial e propõe taxar “urgentemente” as grandes fortunas

Como sempre acontece antes do início de uma nova edição do Fórum, a organização não-governamental Oxfam divulga um relatório. Este ano o documento intitulado “A necessidade urgente de taxar os ricos” propõe taxar “urgentemente” as grandes fortunas do planeta e alerta que os mais pobres estão sofrendo cada vez mais com a inflação.

O documento destaca que a riqueza total dos bilionários do mundo é hoje equivalente a 13,9% do PIB global (sete vezes tudo o que a economia do Brasil  produziu em 2021) e aponta que a pandemia de Covid-19, que fez dispararem as ações das empresas de tecnologia negociadas em bolsa, criou um novo bilionário a cada 30 horas, ou seja, 573 novos ultrarricos.

Segundo o documento, “as fortes altas nos preços dos alimentos e da energia [provocadas pela pandemia] têm sido simplesmente um golpe de sorte para eles [ultrarricos]”. A Oxfam baseia seus números nas listas e classificação da revista Forbes das pessoas mais ricas do mundo, e em dados do Banco Mundial.

O relatório revela que a fortuna dos bilionários aumentou nos primeiros 24 meses da pandemia mais do que em 23 anos; bilionários dos setores alimentício e de energia viram suas fortunas aumentarem em um bilhão de dólares a cada dois dias; e a pandemia criou 62 novos bilionários do setor de alimentos e 40 do setor farmacêutico.

Além disso, combinação entre a crise da Covid-19, o crescimento da desigualdade e o aumento dos preços dos alimentos pode fazer com que até 263 milhões de pessoas estejam na extrema pobreza em 2022, revertendo décadas de progresso. Esse número equivale a um milhão de pessoas a cada 33 horas.

Brasil

Sobre o Brasil, o documento destaca que, em São Paulo, pessoas que moram em bairros mais ricos vivem em média 14 anos a mais do que quem mora em áreas mais pobres, refletindo a grande desigualdade social do país.

A socióloga e diretora da Oxfam no Brasil, Kátia Maia, em entrevista ao Fantástico (domingo, 22), explicou que “estamos falando de uma pandemia de desigualdades e o Brasil tem isso explícito. É desigualdade de renda, é de riqueza, é desigualdade de gênero, raça, de acesso ao serviço de saúde e educação. Quando a pandemia chega, ela encontra um mundo desigual. E no caso do Brasil, ela encontra um país super desigual”.

Como fazer frente aos problemas

Para fazer frente aos problemas apontados no relatório, a Oxfam pede a adoção de medidas fiscais, como a adoção de um imposto de solidariedade único sobre a nova riqueza adquirida pelos bilionários durante a pandemia. O objetivo é utilizar os recursos obtidos para apoiar os mais pobres e conseguir “uma recuperação justa e sustentável” após a pandemia.

A organização também propõe um imposto temporário sobre os lucros extraordinários obtidos nos últimos anos pelas multinacionais dos setores alimentício, farmacêutico e petroleiro, por exemplo. Segundo estimativas da Oxfam, um imposto anual de 2% sobre os milionários e de 5% sobre os bilionários geraria 2,52 bilhões de dólares ao ano, um montante que poderia tirar 2,3 bilhões de pessoas da pobreza extrema, distribuir vacinas suficientes para todo o planeta e dotar todos os países pobres de cobertura sanitária.

O que esperar de Davos 2022?

Segundo analistas, a questão da recuperação econômica dos países devido à pandemia deve ser um dos temas mais relevantes, mas a questão dos desdobramentos da guerra na Ucrânia deve dominar as discussões no Fórum Econômico Mundial.

Os debates deverão estar voltados sobre as formas de minimizar os impactos econômicos do conflito, como, por exemplo, das sanções aplicadas contra a Rússia, e também mais debates sobre a chamada agenda verde, englobando a questão dos investimentos em sustentabilidade.

O Fórum Econômico Mundial pode ainda dar “pistas” de como os países pretendem lidar com as consequências do conflito enquanto tentam balancear a importância do combate às mudanças climáticas.

Redação ICL Notícias
Com informações do G1 e agências de notícias

 

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