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Galípolo diz que Pix pode integrar sistemas internacionais de pagamentos instantâneos

Em evento no México, o presidente do BC também abordou crescimento de operações com criptoativos
07/02/2025 | 08h45
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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse na quinta-feira (6) que o Pix tem potencial técnico para ser integrado a sistemas internacionais de pagamentos instantâneos. Ele ainda comentou que a confiança e a adesão em massa da população brasileira sistema de transferência monetária e pagamento instantâneo foram fundamentais para que o Pix se firmasse como o meio dominante nas transações entre pessoas físicas no Brasil.

As falas ocorreram durante participação de Galípolo em conferência do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Cidade do México. Ele disse que não responderia a perguntas sobre política monetária para evitar qualquer impacto no mercado.

“A integração financeira tem sido uma prioridade da agenda de inovação que o Banco Central do Brasil vem implementando nos últimos anos”, disse Galípolo. “A inovação principal é o nosso sistema de pagamento instantâneo, o Pix. Pessoas do Banco Central são acusadas justamente de ficarem falando muito sobre o Pix, nós gostamos de falar dele”, ironizou o chefe da autoridade monetária.

Sobre a integração do Pix com sistemas internacionais, Galípolo disse que os países hoje “têm regras diferentes para taxação, lavagem de dinheiro, combate ao financiamento de terrorismo e para identificar o beneficiário final de transações”, disse.

Na avaliação de Galípolo, a integração dos sistemas será viável após o estabelecimento de regras mínimas comuns para os países da região e esse movimento seria importante para a otimização de pagamentos transfronteiriços nas Américas.

O aprimoramento de pagamentos transfronteiriços é uma das prioridades elencadas pelo Brasil durante a presidência transitória do país no G20 (fórum internacional que reúne 19 países mais ricos, além de União Africana e União Europeia). O objetivo da medida é facilitar a integração de sistemas, reduzir custos e ampliar a transparência.

“Nós acreditamos que a tecnologia não traz apenas eficiência e modernização, mas aprimora os instrumentos para a inclusão financeira”, afirmou Galípolo na conferência.

Em janeiro, de acordo com dados do BC, o Pix encerrou o mês com 172,5 milhões de usuários cadastrados, ante 171,5 milhões contabilizados no fim do ano passado.

Até o dia 31 de janeiro de 2025, havia mais de 828 milhões chaves cadastradas no Pix. No primeiro mês deste ano, foram registradas mais de 5 milhões de transações via Pix no país.

Galípolo também aponta crescimento de transações com criptoativos

No evento, Galípolo também afirmou que o Brasil observou grande crescimento das transações com criptoativos nos últimos anos, movimento explicado em 90% por operações com stablecoins, criptomoedas atreladas a ativos reais, como dólar ou euro.

“No Brasil vimos um grande crescimento no uso de cripto nos últimos anos. Isso levantou perguntas sobre a motivação. No início, vimos que 90% eram stablecoins”, afirmou o presidente do BC.

Segundo ele, grande parte do crescimento dessas transações está atrelado ao uso dos criptoativos como meio de pagamento. As stablecoins são amplamente utilizadas para transações internacionais e reserva de valor.

“Assumimos que isso era uma forma mais fácil de ter uma conta em dólares. Mas depois percebemos que isso é muito mais utilizado como forma de pagamento e a maioria era para comprar coisas do exterior”, explicou Galípolo.

Galípolo ressaltou que o tema cria desafios de vigilância e questões regulatórias, pois o uso de criptos pode criar um ambiente “opaco” para a fiscalização financeira e o combate à lavagem de dinheiro.

“E geralmente, e essa é a parte ruim, as pessoas usam essas moedas, pois elas mantêm uma visão opaca para a taxação e lavagem de dinheiro. Isso não é uma acusação. Mas quando você vê o que as pessoas estão comprando, tem sempre essa dúvida sobre a motivação”, concluiu.

Moeda digital

Em relação ao Drex, moeda digital atualmente em desenvolvimento pelo BC, Galípolo disse que o instrumento poderá trazer eficiência para pagamentos, mas também aprimorar o sistema de crédito com garantias.

 

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