Pesquisa Genial/Quaest publicada nesta quarta-feira (26) mostra que a alta nos preços dos alimentos foi percebida por mais de 90% da população de oito estados brasileiros no último mês. A inflação dos alimentos, que afeta principalmente o bolso do brasileiro mais pobre, é o grande foco do governo do presidente Lula (PT) neste ano. Tanto que o governo planeja se reunir com o setor privado, nesta quinta-feira (27), para buscar soluções para baixar os preços.
Serão convidados para o encontro, em Brasília, representantes dos produtores de açúcar, etanol, carnes e biodiesel.
Os oitos estados com maior percepção do aumento dos preços dos alimentos foram: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Minas Gerais (MG), Paraná (PR), Rio Grande do Sul (RS), Goiás (GO), Pernambuco (PE) e Bahia (BA) englobam 62% do eleitorado do país.
O levantamento da Genial/Quaest também questionou os entrevistados sobre a situação econômica no país nos últimos 12 meses. O resultado foi o seguinte:
- A economia piorou para 62% dos paulistas; 59% dos mineiros; 60% dos fluminenses; 50% dos baianos; 61% dos paranaenses; 56% dos gaúchos; 51% dos pernambucanos e 58% dos goianos.
Além disso, a pesquisa mostra que a desaprovação de Lula superou a marca de 60% nos três maiores colégios eleitorais do Brasil: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Até mesmo em redutos eleitorais do presidente Lula, a pesquisa mostra queda na popularidade.
Em relação à pesquisa realizada em dezembro passado, a desaprovação subiu de 55% para 69% em SP; de 47% para 63% em MG; de 33% para 51% na BA; e de 53% para 68% no PR. Já no RJ e no RS a desaprovação foi de 64% e 66%, respectivamente, sem comparativo histórico. Em GO, subiu de 56% para 70%; e, em PE, foi de 33% para 50%.
A maioria dos entrevistados também vê o país na direção errada. Em SP, são 67%; em MG, 66%; no RJ, 67%; na BA, 57%; no PR, 66%; no RS, 63%; em PE, 55% e em GO, 68%.
Em todos os estados pesquisados, a maioria dos entrevistados acha que Lula deve fazer um governo diferente nos próximos dois anos.
Preços dos alimentos foram afetados por questões climáticas e dólar
A subida nos preços dos alimentos que se viu nos últimos meses foi provocada por questões climáticas e o dólar alto, que encareceu insumos. É o caso, por exemplo, do café e dos ovos de galinha.
O IPCA-15, prévia da inflação divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que os preços dos alimentos continuaram a subir em fevereiro. Ainda que a alta de 0,61% tenha sido um pouco menor que em janeiro, quando o número foi de 1,06%, itens como o café, que já vinham pressionando o índice nos meses anteriores, ficaram ainda mais caros.
Em entrevista do ICL Notícias 1ª edição na sexta-feira passada (21), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia antecipado que o governo pretendia fazer planos safras “cada vez mais robustos” para ajudar na produção de alimentos e, consequentemente, combater a inflação.
Na segunda-feira (24), o governo publicou a medida provisória (MP) que libera R$ 4,18 bilhões em crédito extraordinário para o Plano Safra deste ano. O dinheiro assegurará a continuidade do programa, suspensas por causa da não aprovação do Orçamento de 2025.
Na reunião que pretende fazer com o setor privado, uma das saídas que devem ser discutidas é a redução das tarifas de importação de alimentos. Segundo um integrante do governo disse ao jornal O Globo, porém, não está nos planos do governo adotar medidas antes do Carnaval.
De todo modo, o governo quer ouvir as demandas do setor privado. A reunião teria sido sugerida pelos ministros da Fazenda e da Agricultura, Fernando Haddad e Carlos Fávaro, respectivamente, que se reuniram na véspera.
Do lado do governo, devem participar os titulares dos ministérios da Fazenda, da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, da Casa Civil, da Secretaria de Comunicação e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Comunicação
Quando tomou posse como ministro da Secom (Secretaria de Comunicação), em meados de janeiro, Sidônio Palmeira já havia afirmado que os seus principais desafios na pasta serão a alta no preço dos alimentos, o combate às fake news e a necessidade de dialogar com diversos setores da sociedade, como trabalhadores de aplicativos e evangélicos.
O ministro da Secom já implementou uma série de mudanças nesse sentido, como colocar o presidente Lula para viajar mais, dar mais entrevistas e fazer pronunciamentos em cadeia de rádio e TV, como o ocorrido na segunda-feira passada, quando Lula anunciou depósito de parcela do Pé-de-Meia, voltado a estudantes do ensino médio, e Farmácia Popular, que distribui remédios de graça para a população.
Sobre a economia, a taxa de desemprego está no patamar mais baixo da história, a inflação sobe, mas está sob certo controle. No entanto, esses feitos, de algum modo, não estão chegando à maioria da população, cuja percepção, não baseada em fatos reais, é ruim.
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