Por Pedro Rafael Vilela e Wellton Máximo — Agência Brasil
Após reunião no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quinta-feira (18) que o governo federal fará uma contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para cumprir as regras do arcabouço fiscal e preservar a meta de déficit zero das despesas públicas prevista para o fim do ano.
Desse total, R$ 11,2 bilhões serão de bloqueio e outros R$ 3,8 bilhões de contigenciamento. Segundo o ministro, a decisão foi tomada após a Receita fazer um apanhado da arrecadação federal nos últimos seis meses.
“Vamos ter que fazer uma contenção de R$ 15 bilhões para manter o ritmo do cumprimento do arcabouço fiscal até o final do ano. R$ 11,2 bilhões de bloqueio, em virtude do excesso de dispêndio acima dos 2,5% [de crescimento acima da inflação] previstos no arcabouço fiscal. E de R$ 3,8 bilhões de contigenciamento, em virtude da Receita”, disse Haddad,
De acordo com o ministro, em função do fato de que ainda não foram resolvidos os problemas pendentes sobre a reoneração da folha de pagamento das empresas junto ao Supremo Tribunal Federal, ao Senado Federal, será preciso o bloqueio e contingenciamento.
Hadda estava acompanhado das ministras Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. A decisão foi tomada após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bloqueio e contingenciamento foram anunciados por Fernando Haddad (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Governo vai detalhar cortes
Os detalhes sobre os cortes serão informados na apresentação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, na próxima segunda-feira (22), como a queda na projeção de receitas e os aumentos de despesas. Em seguida, o governo deve editar um decreto listando as pastas afetadas pelos cortes.
Tanto o contingenciamento como o bloqueio representam cortes temporários de gastos. O novo arcabouço fiscal, no entanto, estabeleceu motivações diferentes. O bloqueio ocorre quando os gastos do governo crescem mais que o limite de 70% do crescimento da receita acima da inflação.
Já o contingenciamento ocorre quando o governo ocorre quando há falta de receitas que comprometem o cumprimento da meta de resultado primário (resultado das contas do governo sem os juros da dívida pública).
No caso do contingenciamento de R$ 3,8 bilhões, segundo Haddad, há maior possibilidade de que possa ser revisto, caso as negociações com o Senado para a reoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores da economia avancem, com a aprovação da medida pelos parlamentares, em acordo com o governo.
Já a meta fiscal estabelecida para este ano, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), é de déficit zero, com uma banda de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruno (PIB). Essa projeção segue mantida, garantiu o ministro.
SAIBA MAIS:
Reforma tributária: veja quais alimentos podem ficar mais baratos com imposto zerado ou menor
Relacionados
Crédito consignado: pedidos de bloqueio de ligações superam 5 milhões
Em cinco anos, irregularidades levaram à aplicação de 1,3 mil punições
Pé-de-Meia: bloqueio de verba pode paralisar pagamento a estudantes, diz AGU
Segundo a AGU, há risco real que o programa seja descontinuado em 2025
Sindicato alerta: direita prepara nova campanha de desinformação contra medida da Fazenda
Proposta um ajuste do benefício para portadores de doenças graves poderia ter péssima repercussão