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Haddad diz que alta da Selic já era esperada; Brasil cai para 4º no ranking de maiores juros reais do mundo

"Você 'contratou' três aumentos bastante pesados na Selic, na última reunião do ano passado", disse Haddad
20/03/2025 | 09h01
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (20) que o aumento da Selic para 14,25% já estava “contratado” desde a gestão anterior do Banco Central.

Na reunião de dezembro, a última sob a gestão de Roberto Campos Neto, o Banco Central tinha indicado que faria duas elevações de 1 ponto percentual na Selic em janeiro e em março. Esse guidance tinha vindo tanto no comunicado emitido após a reunião do Copom como da ata do encontro, uma semana mais tarde.

No jargão do mercado financeiro, guidance representa um indicativo das direções a serem seguidas por uma empresa ou instituição financeira.

O governo Lula cobra a queda dos juros para estimular o crescimento econômico. Desde janeiro, no entanto, o BC passou a ser comandado por um indicado do próprio governo: o economista Gabriel Galípolo.

“Penso que esse aumento estava contratado pela ultima reunião do Copom do ano passado. Ainda sob a presidência do antigo presidente do BC, nomeado pelo Bolsonaro, você ‘contratou’ três aumentos bastante pesados na Selic, na última reunião do ano passado”, disse Haddad.

“Você não pode na presidência do BC dar um cavalo de pau depois que assumiu, é uma coisa muito delicada. Novo presidente e diretores tem uma herança a administrar, assim como eu tinha uma herança a administrar depois de Paulo Guedes”, seguiu.

“Os técnicos do BC são qualificados, vão fazer e buscar o melhor pelo país. Mas têm um trabalho a fazer, o Executivo também tem trabalho a fazer, marco fiscal a cumprir. Vamos esse ano cumprir os nossos compromissos de meta. E o BC tem a meta de inflação também, assim como eu tenho a meta fiscal a cumprir. São metas sempre exigentes, mas que temos de buscar”, pontuou o ministro.

Haddad disse que só fará mais comentários sobre a decisão do Copom após ler a ata do comitê, prevista para ser publicada na próxima terça-feira (25). No comunicado emitido após a reunião de hoje, o BC informou que deverá elevar a Selic na reunião de maio, mas em menor ritmo.

Mesmo com alta da Selic, Brasil cai para 4º no ranking de maiores juros reais do mundo

O Brasil perdeu a liderança e passou a ter o quarto maior juro real do mundo, mesmo após o Copom elevar novamente a taxa básica de juros do país.

O juro real é formado, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses. Assim, segundo levantamento compilado pelo MoneYou, os juros reais do país ficaram em 8,79%.

A primeira colocação do ranking ficou agora com a Turquia, com taxa real de 11,90%. Na última divulgação, em janeiro, o topo da lista era do Brasil.

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