Esta quinta-feira (12) foi um dia muito ruim para o Ibovespa. Enquanto ontem (11) os abutres da Faria Lima atribuíam a alta do Ibovespa e a queda do dólar ao segundo procedimento cirúrgico do presidente Lula (PT), hoje, os negócios pagaram o preço da alta de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, que passou de 11,25% para 12,25% ao ano, anunciada na véspera pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.
O IBOV caiu 2,74%, fechando em 126.039,91 pontos, uma baixa de 3.553,40 pontos, a queda mais forte desde os 3,02% aferidos em 2 de janeiro de 2023, o primeiro pregão do novo governo Lula.
Ontem, no comunicado divulgado com a decisão, o Copom sinalizou que pode elevar a taxa básica de juros mais duas vezes, no mesmo patamar, no começo de 2025. Ou seja, o mercado já prospecta trabalhar com uma taxa de 14,25% ao ano.
No cenário doméstico, outro tema que ficou no radar dos agentes do mercado é o pacote fiscal do governo Lula e a sinalização de que a proposta será alterada na Câmara, como sinalizou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), o que deve atrasar ainda mais a aprovação.
Sobre esse tema, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que o Congresso tem tempo para votar a proposta, mesmo com o presidente Lula ainda em recuperação. Hoje, o Senado aprovou o texto-base da regulamentação da reforma tributária, com muitas alterações.
Na seara corporativa, a Vale (VALE3) caiu 2,89%, ajudada pelo corte de recomendação de um grande banco; e a Petrobras (PETR4) perdeu 1,79%, em um dia de preços do petróleo internacional com quedas curtas. A única empresa que se salvou nesse dia melancólico foi a Hapvida.
Dólar
O dólar voltou a subir hoje, ultrapassando a barreira dos R$ 6. A divisa norte-americana encerrou as negociações a R$ 6,0072 (+0,86%). Na mínima do dia, o dólar caiu a R$ 5,8681 (-1,47%).
Mais cedo, o Banco Central vendeu um total de 4 bilhões de dólares em dois leilões com compromisso de recompra, mas as vendas não tiveram influência nas cotações.
Mercado externo
Mas os negócios lá foram também não foram bons e pode-se dizer que influenciaram os humores por aqui também. Os indicadores de Wall Street reagiram à inflação ao produtor (PPI), que veio mais forte do que o esperado, o que jogou uma sombra sobre a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) fará na semana que vem, na última reunião do ano para decidir sobre os juros.
O Dow Jones caiu 0,53%, aos 43.914,12 pontos; o S&P 500, -0,54%, aos 6.051,25 pontos; e o Nasdaq, -0,66%, aos 19.902,84 pontos.
Relacionados
‘Ovo político’: mudança climática, inflação e vendas aos EUA criam desafio para Lula
Exportação de ovos brasileiros para os EUA quase dobrou em um ano, enquanto preço do alimento disparou nos dois países
Lula assina decreto que antecipa 13º salário dos aposentados para abril e maio
Pelo cronograma tradicional, os valores seriam depositados somente no segundo semestre
Ministério Público do DF investigará compra do Banco Master pelo BRB
Banco de Brasília diz que informou TCDF sobre a operação