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Economistas do ICL avaliam a narrativa da grande mídia de que emprego e renda são ruins para a economia brasileira

Os economistas e apresentadores do ICL Mercado e Investimentos, Debora Magagna e André Campedelli, avaliaram, na edição de ontem (19) do programa, duas notícias nesse sentido: uma da Folha de S.Paulo e outra do jornal O Estado de S.Paulo.
20/08/2024 | 12h26

Grande parte das notícias e editoriais da grande mídia funcionam para dar voz ao discurso do mercado financeiro. Nos últimos meses, diante dos bons dados da economia brasileira, com desemprego em baixa e melhor renda do brasileiro, não é incomum ler nos principais veículos de comunicação narrativas no sentido de que o país estaria flertando com a alta da inflação e, portanto, o Banco Central seria forçado a subir a taxa básica de juros, a Selic, para frear os gastos e, consequentemente, as pressões inflacionárias.

Os economistas e apresentadores do ICL Mercado e Investimentos, Debora Magagna e André Campedelli, avaliaram, na edição de ontem (19) do programa, duas notícias nesse sentido: uma da Folha de S.Paulo e outra do jornal O Estado de S.Paulo.

“O que eu acho mais curioso desse tipo de notícia, é que é quase sempre um método. Sempre tem uma boa notícia acompanhada de um mas, porém. Então, a gente vê aqui atividade em alta, que é boa notícia e poderia parar por aí. Mas é aí que vem o grande problema da notícia”, disse Deborah, em referência a uma notícia da Folha falando do IBC-Br.

Na sexta-feira passada (16), o Banco Central divulgou o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), que veio muito acima das expectativas de analistas em em junho (+1,4%), mostrando que a economia brasileira está aquecida.

“[A Folha] quer colocar uma narrativa até para entrar no imaginário das pessoas. Essa narrativa está sendo construída, de que crescer é uma boa notícia, mas ela traz riscos, e a gente sabe que brasileiro tem medo de inflação. O brasileiro, historicamente, sofreu bastante com a inflação então toda a vez que a gente coloca ali a inflação como ponto, que vai subir, que está fora de controle, isso já começa a criar um medo na população brasileira, isso vai pesar no meu bolso em algum momento inflação”, explicou Deborah.

O que a notícia não conta, segundo a economista, são as reais razões da alta da inflação, como impactos climáticos, que influenciam na alta do preço dos alimentos, por exemplo.

“A única solução apontada pelo mercado e por economistas ortodoxos quando veem a inflação subir é subir os juros, colocando o freio de mão para baixar a inflação na marra”, complementou a economista.

Campedelli, por sua vez, enfatizou que a economia brasileira está crescendo “porque o governo teve um maior gasto público no ano passado” e isso influenciou o nível de emprego e o nível de renda agora.

“O que estão dizendo, que a gente não pode crescer muito porque isso é ruim, que tem que ter corte de gastos (…). Ou seja, a gente precisa criar uma certa piora na economia para controlar a inflação”, emendou.

Para economista do mercado financeiro, economia brasileira vai bem porque o Temer ajudou

Outra notícia avaliada por Deborah e André é uma entrevista da economista Zeina Latif, que é ex-economista-chefe da XP, na qual diz que “o governo Temer foi um governo muito importante para retomar reformas estruturais e colocar na agenda política essas reformas. O fato é que a gente já começa a ter sinais muito concretos de efeitos cumulativos”.

“Eu sempre brinco: ‘governo neoliberal é tão bom, que só dá certo quando acaba'”, ironizou Deborah.

Ou seja, para a imprensa os ganhos atuais da economia não são resultado do trabalho que tem sido feito pela equipe econômica do governo Lula, pois o mercado nunca quer dar os devidos créditos aos governos progressistas.

Nesse aspecto, André Campedelli lembrou que, sim, a taxa de desemprego está baixa, mas esse não é o desafio posto, como querem fazer colar os ortodoxos do mercado financeiro. “O problema é na qualidade de formação desse emprego. Muita gente trabalhando sem carteira assinada, aumento da pejotização e da informalização do trabalho”, disse.

Segundo Deborah, essas narrativas vão sendo construídas “tijolinho a tijolinho”. “O Focus [Boletim Focus do Banco Central] é um tijolinho, os juros futuros, o dólar que vai pressionar a inflação… Muito disso é criado artificialmente. A gente vê cada tijolinho sendo colocado nessa narrativa para depois você comprar essa narrativa sem pensar, e analistas de bancos repetindo, a grande mídia repetindo, a TV repetindo e a gente vai comprando sem pensar que nosso emprego e nossa renda que estão alimentando a inflação”, disse Deborah.

Assista aos comentários na íntegra no vídeo abaixo:

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Mercado e Investimentos

 

 

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