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Para economista do ICL, pacote de corte de gastos corrige distorções

Para Deborah Magagna, anúncio surpreendeu o mercado financeiro, que esperava cortes em áreas sociais, "o lado mais fraco da corda"
28/11/2024 | 17h50

A economista e apresentadora do ICL Mercado e Investimentos Deborah Magagna disse que o pacote de corte de gastos detalhado, nesta manhã de quinta-feira (28), pela equipe econômica do governo Lula (PT) contém medidas importantes para promover a justiça tributária e social.

“O Haddad [ministro da Fazenda, Fernando Haddad] deixou claro que não vai ter aumento de imposto – vai ter redistribuição dentro do princípio da neutralidade”, observou Deborah durante participação no ICL Notícias 1ª edição nesta manhã.

O pressuposto da neutralidade, segundo ela, é equilibrar a balança, colocando quem ganha mais para pagar mais imposto e reduzindo a carga de quem ganha menos.

Nesse aspecto, Deborah se refere à medida anunciada por Haddad, que está fora do pacote mas que causou barulho no mercado financeiro ontem (27), que prevê isenção de IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5 mil e mais imposto para aqueles que recebem mais de R$ 50 mil por mês.

Ontem, a Bolsa brasileira caiu e o dólar disparou depois de um movimento especulativo do mercado financeiro horas antes do pronunciamento feito por Haddad em cadeia nacional de rádio e TV.

“O mercado estava esperando corte de gastos mais comum. A primeira coisa [que esperavam] era cortar na Saúde e na Educação, nos benefícios sociais, ou seja, sempre o lado mais fraco da corda”, pontuou Deborah.

No entanto, o mercado foi surpreendido com a notícia da isenção de IR e, aliás, está reagindo mal na abertura de hoje. O dólar está na casa dos R$ 5,96 nesta manhã.

“O pacote está mexendo com outras camadas [da população]. É mais fácil cortar no social, quando a corda puxa para o lado mais fraco, pois são pessoas que não têm poder político e econômico. Quando corta nas camadas mais altas, se mexe com quem tem poder político e econômico”, pontuou.

“O Haddad deixou na mão do Congresso [que é quem vai aprovar as medidas]. Vamos ver como ele vai lidar com isso, pois mexe com interesses das pessoas com renda mais alta”, completou a economista, salientando que os CNPJs do mercado financeiro “usam mecanismos tributários” para pagarem menos imposto.

Para Deborah, pacote de corte de gastos promove justiça em benefícios

As medidas anunciadas pela equipe econômica promovem um freio de arrumação nos benefícios sociais, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos pobres com mais de 65 anos e pessoas com deficiência sem limites de idade. Também haverá medidas para combater fraudes no Bolsa Família.

No caso do BPC, as concessões saltaram de 48,4 mil em 2021 para 155,8 mil em 2024. Grande parte do aumento ocorreu devido a decisões judiciais favoráveis.

“Muitos liminares na Justiça permitiram a concessão do BPC a pessoas que não teriam direito ao benefício. Em relação ao Bolsa Família, o recadastramento será feito para que pessoas não recebam sem necessidade. Então, o governo quer dar esses dois benefícios a quem realmente precisa”, avaliou Deborah.

Outro ponto importante do anúncio foca nas Forças Armadas. O governo, por exemplo, vai acabar com a chamada “morte ficta”, que permite aos familiares de um militar condenado por um crime ou expulso do serviço receberem 100% da pensão.

“Acabar com a ‘morte ficta’, transferência das pensões, idade mínima de aposentadoria, tudo isso já traria economia de R$ 2 bilhões”, disse a economista.

Haddad também reforçou que quer começar a reforma administrativa pelos supersalários do serviço público. “Isso é muito importante, pois ele trouxe outra ótica à discussão. Ele está falando de quem está fora da média do brasileiro, salário acima do teto constitucional”, disse.

Assista à análise completa dela no vídeo abaixo:

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