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Sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a inflação dos alimentos subiu cerca de 57%. No período democrático, nunca o brasileiro, principalmente o mais pobre, sofreu tanto para comer. Esse percentual é bem acima dos 30% da inflação geral do período. Em alguns casos, os reajustes acumulados dos alimentos do início de 2019 ao final de 2020 chegaram aos 200%.

Os dados publicados são do jornal Folha de S.Paulo, que utilizou a base de informações de 2022 divulgadas pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) ontem (5). Para piorar a situação do brasileiro, principalmente o mais vulnerável, que usa a maior parte da renda para comer, o período de preço alto da alimentação coincide com o aumento na taxa de desemprego, perda na renda dos consumidores e ausência de reajustes no salário mínimo.

Esse conjunto de fatores dá a dimensão do quanto o mandato de Bolsonaro foi ruim para o mais pobre e antecipa o volume de trabalho que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá para consertar a rota de destruição deixada pelo antecessor.

Os economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli realizaram uma retrospectiva a respeito da inflação de 2022, mostrando que, no acumulado de 12 meses até novembro do ano passado, os bens alimentícios ficaram em destaque como ponto negativo da inflação, das maiores altas ao longo do ano. “Somente o tomate apresentou deflação no período, de 2%. Os demais, amplamente discutidos, apresentaram altas consideráveis”, dizem.

O feijão carioca, por exemplo, subiu 19%, enquanto a farinha de trigo teve alta de 33,3%. A batata aumentou 49,3%; a cebola, 120,11%; a cenoura, 5,7%; as hortaliças, 13,7%; as frutas, 26%; as aves e ovos, 7,7%; o leite, 31,2%; o pão francês, 17,5%; e o café 13,8%. “Isso mostra o efeito elevado que o preço dos alimentos teve sobre o bolso dos brasileiros ao longo de 2022”, pontuam os economistas.

Inflação dos alimentos deixou o brasileiro com menor poder aquisitivo distante até mesmo de itens básicos

O ex-presidente Bolsonaro e seu “posto Ipiranga” Paulo Guedes (Economia) negaram que existam no Brasil 33 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar grave. Mas o fato é que o aumento dos preços dos alimentos no período em que ele desgovernou o país contribuiu para essa situação. Para piorar ainda mais o quadro, Bolsonaro desidratou programas de assistência alimentar importantes e necessários para essa parcela da população, como o Alimenta Brasil.

A retrospectiva feita pelos economistas do ICL mostra que, do café da manhã às demais refeições diárias, o custo dos alimentos sempre esteve em trajetória ascendente, inibindo a quantidade de produtos na mesa e, consequentemente, afetando a qualidade da dieta.

O que falar da carne? Quem não se lembra das cenas veiculadas durante a pandemia de Covid-19, em que brasileiros disputavam ossos e carcaças de frangos em supermercados e açougues. Isso porque comprar uma peça de carne virou artigo de luxo. Segundo a Folha, quem comprou um quilo de acém pagou 94% a mais pela proteína nos últimos quatro anos. Quem teve renda e optou por um quilo de picanha teve reajuste de 52% no período. O fubá subiu 112%, e o ovo, 78% no período de Bolsonaro.

Houve também as questões climáticas. A reportagem da Folha de S.Paulo diz que a agricultura foi afetada por uma tempestade perfeita nos últimos anos. As safras foram crescentes, mas a demanda externa foi tão acentuada que influenciou fortemente os preços e o abastecimento internos, segundo o jornal.

Por outro lado, as adversidades climáticas também apareceram com maior frequência, resultando em quebras históricas nas safras de soja, milho, café, arroz, feijão e hortifrútis. Contribuíram também a guerra da Rússia contra a Ucrânia, dois importantes fornecedores de alimentos ao mundo, a pandemia de Covid-19 e o dólar alto, que mudou o cenário do comércio internacional para os brasileiros, ao encarecer as importações e favorecer as exportações.

Isso posto, a reportagem diz que faltou ao governo Bolsonaro uma atenção especial aos produtos voltados principalmente para o mercado interno, o que aumenta o volume de trabalho de Lula.

A expectativa é de que a inflação dos alimentos continue pesando ainda por alguns meses sobre o bolso do pobre, mas em ritmo menor de alta.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo

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