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Integrante da ONU alerta sobre ajuda a países pobres no cenário mundial de pandemia, guerra e inflação

Pressão do serviço da dívida torna necessário aumento de financiamento dos bancos multilaterais de desenvolvimento a alguns países
28/03/2022 | 20h00

Iniciativas contra a dívida dos países desfavorecidos, enfraquecidos pela guerra na Ucrânia e pelo aumento dos preços dos alimentos, combustível e fertilizantes, são vistas como imprescindíveis para integrante da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), que é um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU).

A pandemia de covid-19 reduziu a margem de manobra orçamentária dos países em desenvolvimento e aumentou sua dívida, afirma a secretária-geral da Conferência UNCTAD, Rebeca Grynspan, que busca integrar melhor os países em desenvolvimento à economia mundial.

Em uma situação como essa, “como se deve enfrentar o aumento dos preços dos combustíveis, dos alimentos e dos fertilizantes?”, diz, em alusão a algumas das repercussões econômicas da invasão russa da Ucrânia. O custo do frete aumentou 34% desde o início da guerra em 24 de fevereiro, segundo a organização dirigida por Grynspan.

Problemas de transporte e interrupções nas cadeias de abastecimento globais também estão elevando custos e preços.

Os países pobres não serão capazes de lidar com essa situação sem ajuda, alertou Grynspan. “Precisamos de um mecanismo melhor de reestruturação e de redução da dívida. É algo que deve ser discutido no G20 e também nas reuniões da primavera que teremos em abril, no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI)”, defendeu a ex-vice-presidente da Costa Rica.

Segundo a UNCTAD, os países em desenvolvimento poderiam precisar de US$ 310 bilhões para garantir a amortização da dívida pública externa em 2022, que equivale a 9,2% do saldo da dívida pública externa no final de 2020.

Os países que parecem mais vulneráveis a um impacto brutal causado por pressões de refinanciamento e uma alta taxa de amortização da dívida em relação às exportações são Paquistão, Mongólia, Sri Lanka, Egito e Angola. O Egito solicitará apoio financeiro do FMI, informou a instituição nesta semana.

Grynspan denunciou a enorme pressão do serviço da dívida para os países em desenvolvimento. “Após a Segunda Guerra Mundial, quando foi aprovado um apoio para a Alemanha, ficou estabelecido que a Alemanha não poderia pagar o serviço da dívida se este fosse superior a 5% de sua receita de exportações. Você sabe a quanto chega o serviço da dívida dos países menos desenvolvidos atualmente? 15% de suas receitas de exportação”, afirma.

A responsável pede a suspensão do serviço da dívida para os países com rendas mais baixas, como foi feito durante a pandemia de covid-19 até o final de 2021. “Se não, eles não poderão pagar suas dívidas”, diz.

Além disso, Grynspan defende aumentar o financiamento dos bancos multilaterais de desenvolvimento, incluindo as instituições regionais, para que estas possam apoiar mais os países que precisarem.

Com uma ação coordenada urgente, seria possível evitar que a guerra na Ucrânia provoque “um efeito dominó sobre a crise da dívida”, sobre “a crise da fome” e sobre “a estrutura financeira mundial”.

As repercussões econômicas do conflito afetarão especialmente as importações líquidas de produtos alimentares, segundo a UNCTAD, que pediu para “supervisionar urgentemente” a situação de 36 países muito dependentes das importações de trigo ucraniano e russo. “A maioria está na África e no Oriente Médio”, afirmou Grynspan.

Redação ICL Economia

Com informações de agências internacionais

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