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Juro básico mais alto pode aliviar pressões sobre o euro. Indicadores mostram retração econômica na UE

Indicadores divulgados nesta sexta-feira (22) sinalizam a retração das economias dos países da União Europeia
22/07/2022 | 16h00

Analistas financeiros avaliam que o aperto monetário, provocado pela decisão Banco Central Europeu (BCE) de elevar a taxas de juros em 0,5 ponto percentual, deve aliviar a depreciação do euro frente ao dólar, pelo menos no curto prazo. Isso porque provoca um aumento dos rendimentos oferecidos pelos títulos europeus, o que tende a gerar maior interesse e um consequente aumento do fluxo de capital direcionado à zona do euro.

No entanto, indicadores econômicos divulgados nesta sexta-feira (22), entre eles o PMI (índice de gerentes de compras, do inglês), sinalizam retração econômica, mais um termômetro de que a situação europeia não está tranquila.

Na quinta-feira (21), o BCE elevou a taxa de juros da Europa em um primeiro aumento de juros pelo banco central da zona do euro em 11 anos, com o intuito de conter a escalada da inflação.

Para Reginaldo Galhardo, gerente da Treviso Corretora, ouvido em reportagem da Folha de S. Paulo, “a partir do momento em que o BCE inicia o processo de aumento dos juros para tentar estancar a alta da inflação, isso tende a aliviar um pouco a pressão sobre o euro, como aconteceu também no Brasil”.

Por outro lado, analistas não esperam que o euro tenha força para registrar uma forte valorização frente ao dólar a partir de agora. Lembrando que, pela primeira vez em 20 anos, o euro atingiu paridade com a moeda americana, ficando, inclusive, abaixo por um momento.

A expectativa é a de que, com o aumento dos juros pelo BCE, o euro consiga ao menos defender o patamar de paridade frente ao dólar. Porém, não há esperança de que o euro da União Europeia tenha força para registrar uma forte valorização. Isso porque o próprio Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) também tem o seu próprio processo de aperto monetário, iniciado até antes do BCE, e provavelmente promoverá mais uma alta de 0,75 ponto na taxa de juros americana na reunião da próxima quarta-feira (27), para tentar conter a trajetória de aumento da inflação nos EUA.

Com o aperto monetário, há o risco de forte desaceleração da atividade global e possibilidade de uma recessão nos mercados desenvolvidos. Com isso, os investidores tendem a fugir para os ativos considerados mais seguros, sendo o dólar uma das principais alternativas.

Zona do euro na berlinda: dados confirmam as dificuldades da economia europeia

Indicadores econômicos, divulgados nesta sexta-feira (22) pela S&P Global, sinalizam retração das economias dos países da União Europeia. Exemplo disso foi o resultado preliminar do índice de gerentes de compras composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, que caiu de 52 em junho para 49,4 em julho, atingindo o menor nível em 17 meses.

Na Alemanha, a maior economia da zona do euro, o PMI composto também recuou. A queda foi de 51,3 em junho para 48 em julho, o nível mais baixo em 25 meses.

O PMI industrial alemão recuou de 52 para 49,2 (também o menor patamar em 25 meses) e o de serviços, de 52,4 para 49,2 na mesma base de comparação (o mais baixo nível em sete meses).

Outro recuo importante foi verificado também no Reino Unido, embora este não faça mais parte da União Europeia. Por lá, o PMI composto caiu de 53,7 em junho para 52,8 em julho. É o maior recuo em 17 meses.

O PMI industrial britânico teve queda de 52,8, em junho, para 52,2 em julho, atingindo também o menor nível em 25 meses, assim como o índice no setor de serviços, que recuou de 54,3 para 53,3, o patamar mais baixo em 17 meses.

Euro e dólar devem seguir processo de valorização frente ao real

No Brasil, os analistas dizem que a tendência é de que o euro e o dólar continuem em processo de valorização frente ao real, refletindo a piora da percepção do mercado em relação ao risco fiscal e, ainda, as dúvidas sobre a condução da política econômica a partir de 2023 no país, quando se inicia uma nova gestão à frente do país, embora o mandatário possa ser o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.

A avaliação é de que um real mais fraco pode aumentar a inflação brasileira. Isso porque, com as moedas estrangeiras valorizadas, isso impacta no mercado brasileiro, podendo gerar aumento generalizado das mercadorias negociadas no país.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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