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Em viagem à Argentina, Lula e Fernández sugerem criação de moeda comum para fortalecer comércio no âmbito do Mercosul

"Pretendemos superar barreiras às nossas trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais", escreveram os líderes
23/01/2023 | 13h55

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou ontem (22) na Argentina, o maior parceiro comercial do Brasil na região. Na pauta de assuntos tratados com o colega argentino Alberto Fernández está a criação de uma moeda comum sul-americana, com o objetivo de facilitar o comércio entre os países da região. O país vizinho foi o primeiro escolhido por Lula para retomar a política internacional brasileira, tão abandonada pelo governo de Jair Bolsonaro. O petista quer voltar a fortalecer o Mercosul.

A volta das relações estratégicas entre os dois países foi reforçada em artigo assinado por Lula e Fernández. “Pretendemos superar barreiras às nossas trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo os custos de operação e diminuindo a nossa vulnerabilidade externa”, diz o texto publicado no site argentino Perfil.

Originalmente, a ideia da moeda comum partiu do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e de Gabriel Galípolo, secretário-executivo da pasta.

Durante sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), Haddad, que esteve lá representando o governo brasileiro, disse que a integração da América Latina e a produção de energia limpa são elementos-chave para atrair investimento externo e promover o crescimento da região.

Para Haddad, os países da América Latina precisam se unir para melhores negociações com grandes blocos econômicos, como Estados Unidos, Europa e China. Essa integração, para ele, vai além dos acordos de livre comércio: passa também por infraestrutura, acordos comerciais e ampliação do Mercosul.

A viagem de Lula à Argentina também vai marcar o retorno do Brasil à Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos), grupo que o país abandonou em 2019, por ordem de Bolsonaro, que rechaçou participar do grupo regional em que estavam Cuba e Venezuela.

Além da moeda comum, Lula e Fernandes reforçam que Mercosul é plataforma para integrar a região ao mundo

No texto divulgado no site Perfil, Lula e Fernández ressaltam a necessidade de uma boa relação entre os dois países para alavancar a integração regional e a consequente integração da região ao mundo. “Juntamente com os nossos sócios, queremos que o Mercosul constitua uma plataforma para a nossa efetiva integração ao mundo, por meio da negociação conjunta de acordos comerciais equilibrados e que atendam aos nossos objetivos estratégicos de desenvolvimento”, escrevem os presidentes.

Além do desastre que a gestão Bolsonaro representou em termos de alianças regionais, o bloco atravessa uma crise devido a pressões brasileiras para mudanças em tarifas e tentativas do Uruguai de fazer acordos econômicos fora do bloco.

O Uruguai anunciou, recentemente, a intenção de negociar um acordo comercial independente com a China e com a Aliança do Pacífico (bloco formado por Chile, Colômbia, México e Peru), o que é contra as regras do Mercosul. A iniciativa abriu uma crise direta entre os governos argentino e uruguaio, a qual Lula pretende ajudar a abater. Na quarta-feira (25), Lula será recebido pelo líder uruguaio, Luis Lacalle Pou.

Em entrevista à edição de ontem (22) da Folha de S.Paulo, o chanceler brasileiro Mauro Vieira avalia que um acordo de livre comércio entre Uruguai e China seria a destruição do Mercosul. A ideia de flexibilizar o bloco era defendida por Bolsonaro. “Se você negociar fora da Tarifa Externa Comum, destrói a tarifa. Destruir o Mercosul não interessa a ninguém”, diz o chanceler na entrevista.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da Folha de S.Paulo

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