Horas antes de embarcar para viagem oficial para a Europa, onde deve se encontrar com o Papa Francisco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o atual patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%. Na edição desta segunda-feira (19) do programa Conversa com o Presidente, transmitido pelas redes sociais do petista e do governo, Lula voltou a cobrar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a redução dos juros dos juros.
Na conversa, Lula disse que Campos Neto precisa explicar ao povo e ao Senado por que a instituição não reduz a taxa básica de juros, que está no maior patamar desde 2016. “Apenas o juro precisa baixar, porque também não tem explicação. O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque eu já sei o porquê ele não baixa, mas ao povo brasileiro e ao Senado”, disse.
Nesta terça-feira (20), começa a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que definirá se mantém ou inicia o ciclo de cortes da taxa. A expectativa do mercado financeiro é de que a autoridade monetária só comece a pôr o pé no freio da ortodoxia em agosto, a despeito de todos os bons indicadores da economia brasileira nos últimos meses, como o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre e a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), e o projeto do novo arcabouço fiscal, que deve ser votado no Senado esta semana.
Essa não é a primeira crítica pública de Lula a Campos Neto, que foi indicado pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes, e com mandato até o fim de 2024. Devido à autonomia do BC, ele não pode ser demitido por Lula, mas apenas pelo Senado, o que não está em cogitação.
“Ele [Campos Neto] não tem nenhum compromisso comigo, tem compromisso com quem? Com o Brasil? Não tem. Tem compromisso com o outro governo, que o indicou. Isso é importante ficar claro. E tem compromisso com aqueles que gostam de juro alto, porque não há outra explicação”, disse Lula em maio.
Expectativa do mercado é que Copom só comece a reduzir a taxa Selic a partir de agosto
Na semana passada, o presidente do BC afirmou que a queda dos juros futuros abria espaço para corte na taxa Selic “à frente”.
“A curva de juros futuros tem tido queda relevante. Isso significa que o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para atuação de política monetária à frente”, disse o presidente do BC, reforçando que a autoridade monetária precisa agir com “parcimônia”.
Na reunião que começa amanhã e termina na quarta-feira (21), o Copom deve manter a taxa básica de juros da economia estável em 13,75% ao ano.
A partir do começo de agosto, a expectativa de analistas é de que a taxa Selic comece a recuar para 13,5% ao ano, um corte de 0,25 ponto percentual.
No Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (19) pelo BC nesta segunda-feira, o mercado financeiro, as cem instituições financeiras consultadas para a publicação reduziram a expectativa de corte nos juros de 12,50% para 12,25% ao ano para o fim de 2023.
Para o fim de 2024, a projeção do mercado para o juro básico da economia caiu de 10% para 9,5% ao ano. Com isso, o mercado segue estimando queda do juro também no próximo ano.
Para definir a taxa básica de juros, mira a meta de inflação, que neste ano está em 3,25% e, no próximo, em 3%. Nos dois casos, a meta é considerada cumprida se oscilar em 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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