O presidente Lula (PT) atribuiu a disparada do preço do ovo a questões climáticas, que estressam as galinhas, afetando a produção. Ele disse nesta quinta-feira (20) que terá reunião com empresários para pactuar o valor dos produtos no mercado interno. “O preço vai baixar, eu tenho certeza que a gente vai conseguir fazer com que o preço volte aos padrões do poder aquisitivo do trabalhador”, disse Lula em entrevista a uma rádio do Rio de Janeiro.
Segundo cálculo mostrado em reportagem do UOL, o preço dos ovos brancos aumentou 69% entre janeiro e fevereiro para o revendedor. O preço da caixa com 30 dúzias saltou de R$ 134 para R$ 227.
No caso dos ovos vermelhos, a alta foi de 61%, aumentando de R$ 156, em 17 de janeiro, para R$ 252 um mês depois. O cálculo foi feito com base em um histórico de preços informados pelo Cepea/Esalq-USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agronomia da Universidade de São Paulo), que informa os valores cobrados entre abril de 2023 e fevereiro deste ano.
O preço do ovo chegou ao patamar mais elevado em 22 meses, segundo a reportagem.
Lula admitiu que o preço do ovo está caro, mas apontou para a importância de debater o valor praticado dentro do Brasil comparativamente ao valor praticado no mercado externo.
“Eu sei que o ovo está caro. Quando me disseram que está R$ 40 a caixa com 30 ovos, é um absurdo. Vamos ter que fazer reunião com atacadistas para discutir como é que a gente pode trazer isso para baixo. O fato de estar vendendo produto em dólar que está alto, não significa que você tem que colocar no preço do brasileiro o mesmo preço que você exporta”, frisou.
“Queremos discutir com empresários que queremos que eles exportem, mas não pode faltar para o povo brasileiro”, prosseguiu.
No Brasil, há pelo menos dois fatores que afetam o preço do ovo: maior demanda devido à Quaresma (período do ano litúrgico que antecede a Páscoa cristã, quando o consumo de carne diminui) e ao estresse das galinhas provocado pelo calor extremo que temos visto no Brasil, que reduziu a produção.
Associação de supermercados fez alerta para alta do preço do ovo
Na semana passada, a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) alertou para o aumento expressivo no preço dos ovos de galinha repassado pelos fornecedores.
“Desde a segunda quinzena de janeiro, a combinação de alta demanda e oferta restrita tem levado a reajustes significativos. Nesta semana, a elevação já chega a 40% em diversas regiões do país”, informou a associação.
Quando falou de exportação, Lula se referiu ao fato de que os Estados Unidos também enfrentam uma disparada do preço do alimento que é essencial na dieta dos norte-americanos, e que algumas empresas brasileiras estariam priorizando o envio para lá em vez de abastecer o mercado interno. Mas, diferentemente daqui, lá a oferta de ovo está mais baixa devido a um surto de gripe aviária (clique aqui para ler o comentário do economista do ICL André Campedelli sobre o assunto).
Em janeiro, a inflação oficial do país teve alta de 0,16%, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com desaceleração. ️Os preços dos alimentos, entretanto, continuaram pressionados, com aumento de 0,96% na alimentação e bebidas.
O ovo está entre os itens de preocupação. A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) estima que o valor continuará subindo por mais dois meses, até o fim da Quaresma.
Além disso, a entidade informou que os custos de produção acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho, que é usado como ração para as galinhas, e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens.
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