A mediana dos analistas do mercado financeiro consultados para o último Boletim Focus do ano, do Banco Central, aponta leve redução da projeção de inflação para este ano, mas mostra alta considerável para o ano que vem, assim como a do dólar, que subiu tanto para 2024 como para 2025. Os dados foram divulgados nesta manhã de segunda-feira (30) pelo BC.
Segundo as projeções do Boletim Focus, as medianas das projeções de inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ficaram assim:
- 2024: caiu de R$ 4,91 para R$ 4,90.
- 2025: subiu de 4,84% para 4,96%.
Desse modo, tanto para este como para o próximo ano, as projeções de inflação seguem acima do teto da meta estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O centro da meta para os dois anos é de 3%, podendo oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto.
Na sexta-feira passada (27), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA-15, considerado a prévia da inflação, desacelerou em dezembro ante novembro (0,62%), ao registrar avanço de 0,34%.
Assim, o indicador fechou o ano de 2024 com variação acumulada de 4,71%. Em 2023, a prévia da inflação havia sido de 4,72%, sendo de 0,40% em dezembro.
Embora não seja a inflação cheia oficial, a prévia indica que o IPCA pode fechar 2024 próximo dos 5%, ou seja, acima do teto da meta, o que obriga o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a escrever uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicações as razões que levaram a inflação a ficar fora da meta, a despeito da política monetária mais contracionista.
Nos quatro anos da gestão de Campos Neto à frente do BC, esta será a terceira vez que a inflação fica fora da meta. A única vez que ficou dentro foi em 2023. Desse modo, Campos Neto encerra seu mandato à frente do BC, em 31 de dezembro deste, comprovando que subir a taxa Selic para controlar a inflação não tem sido um instrumento eficaz.
Ele será substituído a partir de janeiro de 2025 pelo Diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que começa seu mandato com enormes desafios pela frente.
Veja as demais previsões do mercado financeiro
Dólar
- 2024: a mediana das projeções aponta alta de R$ 6,00 para R$ 6,05.
- 2025: avançou de R$ 5,90 para R$ 5,96.
Taxa básica de juros (Selic)
- 2025: a projeção para a taxa permaneceu em 14,75%. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano, e o BC já projeta que o indicador chegará a 14,25% em março, ou seja, dois aumentos de 1 ponto percentual nas duas primeiras reuniões do ano.
- 2026: a mediana aponta elevação da projeção de 11,75% para 12% ao ano.
PIB (Produto Interno Bruto)
- 2024: a mediana da projeção permaneceu em 3,49%.
- 2025: a previsão caiu levemente de 2,02% para 2,01%.
Superávit da balança comercial
- 2024: a mediana da projeção do superávit (resultado da diferença entre exportações e importações) caiu de US$ 74,30 bilhões para US$ 74,15 bilhões
- 2025: a mediana permaneceu em US$ 74,29 bilhões.
Investimento estrangeiro direto
- 2024: a mediana das projeções caiu de US$ 70,55 bilhões para US$ 70,00 bilhões.
- 2025: permaneceu em US$ 70,00 bilhões.
Dívida líquida do setor público
- 2024: avançou de 62,70% para 62,80% do PIB.
- 2025: permaneceu em 67,00% do PIB.
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