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O presidente da Argentina, Javier Milei, disse que pode deixar o Mercosul caso essa seja a condição para que ele feche um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Desde sempre, Milei é um crítico do bloco sul-americano.

Em entrevista à Bloomberg, publicada nesta quarta-feira (22), o ultraliberal de extrema direita, que esteve na posse de Donald Trump na presidência dos EUA na última segunda-feira (20), foi questionado se avaliava essa possibilidade. O argentino fez uma pausa e disse que “sim”.

As declarações de Milei ocorreram durante um evento organizado pela agência de notícias, à margem do Fórum Econômico Mundial, realizado esta semana na cidade suíça de Davos.

Porém, se isso acontecer mesmo, o período entre o pedido de saída e o fim dos direitos e obrigações vinculadas ao Mercosul pode levar dois anos.

A solicitação de saída, a chamada “denúncia”, é regulada pelos artigos 21 e 22 do Tratado de Assunção — documento assinado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em 1991.

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Javier Milei (o primeiro à esq. na foto). Crédito: Divulgação Mercosul

Em dezembro, Milei já havia dito que pretende impulsionar um tratado de livre comércio com o governo norte-americano neste ano. “Mas há mecanismos que podem ser usados até mesmo dentro do Mercosul sem necessariamente ter que sair”, disse Milei na ocasião. “Portanto, acreditamos que é possível alcançar esse objetivo sem ter que abandonar o que já se tem no âmbito do Mercosul“, acrescentou. Agora, pelo visto, o discurso mudou.

O presidente argentino esteve na na 65ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que acontece em Montevidéu, no Uruguai, quando foi assinado o acordo entre o bloco e a União Europeia.

Milei diz estar “trabalhando duro” por pacto comercial com o governo norte-americano

O presidente argentino afirmou que tem “trabalhado muito duro” para alcançar o acordo comercial com os EUA. Na entrevista, ele também afirmou ter debatido o assunto com Donald Trump e sua equipe em sua passagem por Washington para acompanhar a posse do republicano.

Por outro lado, Milei também disse que está trabalhando com os países do bloco “para que isso não seja um impedimento para avançar em direção ao livre-comércio”.

Contudo, ele não esclareceu se pretende negociar o acordo com os Estados Unidos de forma independente ou em conjunto, mas a fala de dele, dizendo que, se for preciso, pode abandonar o bloco, deixa subentendido que esse pacto seria em benefício da Argentina.

Lembrando que o Mercosul, teoricamente, proíbe negociações bilaterais sem o consentimento dos outros membros do bloco.

Entre as críticas de Milei ao bloco está o sistema de tarifa comum, à qual ele atribui o encarecimento das indústrias e do custo de vida dos cidadãos.

“O Mercosul, que nasceu com a ideia de aprofundar laços comerciais, tornou-se uma prisão que não permite a países membros aproveitarem seus potenciais exportadores”, disse ao lado de seu ministro da Economia, pai do choque econômico na Argentina, Luis Caputo, no encontro do bloco realizado em dezembro.

 

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