A turma da Faria Lima tem feito um terrorismo fiscal sobre o governo Lula (PT), criando, assim, uma armadilha para a economia brasileira. “A taxa de juros [Selic] é mortal para o Brasil. O mercado cria um terrorismo sobre o déficit fiscal e incentiva o aumento da taxa Selic, que justamente afeta a dívida pública”, diz o jornalista especialista em economia Luis Nassif, durante participação no ICL Notícias 1ª edição desta terça-feira (7).
Segundo Nassif, quando toca o terror em cima do governo devido à relação dívida PIB (Produto Interno Bruto), o mercado torna inviável a administração pública justamente porque força o aumento da taxa básica de juros, atualmente em 12,25% ao ano.
O primeiro Boletim Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira (6), mostra que o mercado aposta em uma Selic em 15% ao fim de 2025. A alta da taxa Selic impacta diretamente a dívida, já que metade do estoque de títulos públicos é atrelada à Selic.
Segundo Nassif, o objetivo do mercado é manter o “governo acuado”, com um viés político, já que 2026 é ano eleitoral. Para Nassif, sem normalizar a questão dos juros será difícil o governo Lula ter liberdade para realizar os investimentos necessários. “A questão é política, efetivamente, porque eles querem alguém como o Tarcísio [de Freitas, governador bolsonarista de São Paulo]”, frisou.
Papel de Galípolo para combater taxa de juros alta
A tarefa de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central não será nada fácil. Mas Nassif acredita que ele, além de bastante técnico, é habilidoso politicamente. “Creio que a ideia do Galípolo é bater o dólar na faixa dos R$ 6”, disse Nassif. “Até para prevenir o efeito Donald Trump [futuro presidente dos EUA que toma posse em 20 de janeiro]”, completou.
Ontem, a moeda norte-americana fechou o dia em queda, mas ainda acima dos R$ 6, como repercussão a uma notícia veiculada pelo jornal Washington Post de Trump vai moderar no seu plano de sobretaxar países, incluindo o Brasil.
Coincidência ou não, Nassif lembrou que o dólar ultrapassou a fronteira dos R$ 6 um dia após o JP Morgan ter rebaixado a recomendação das ações brasileiras em seu relatório, dizendo preferir o México. Isso foi no dia 27 de novembro. No dia 28, a moeda bateu os R$ 6,01.
Antes disso, porém, o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, o sabotador do Brasil, já vinha atuando para direcionar o pessimismo orquestrado do mercado.
O resultado foi que, em dezembro, “tivemos mais tensão cambial do que tivemos nos últimos anos”, segundo Nassif, com “grande parte dessa especulação em cima do mercado futuro na B3 [Bolsa de Valores], um jogo em cima de quanto vai estar a cotação do dólar no dia do vencimento”. “Esse jogo é mar aberto para especulação”, disse.
Diante desse cenário, na avaliação de Nassif, “Galípolo vai ter que começar a discutir estratégia para segurar essa volatilidade do câmbio, principalmente com um ambiente externo muito volátil que não se pode permitir”, disse.
Somado a isso, “o governo vai ter que mostrar sua estratégia de política real, de transição energética, do Nova Indústria Brasil, com tradução da melhora fiscal em benefício para a população”, disse.
Assista ao comentário completo de Nassif no vídeo abaixo:
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