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O valor dos alimentos nos mercados tem se mantido elevado, e os consumidores perceberam a alto dos preços. Itens como cacau, ovo, café e azeite foram algumas das vítimas dessa mudança. Especialistas explicam que fatores como uma safra ruim, mudanças climáticas e a alta do dólar estão por trás desse aumento.
Cacau
As regiões produtoras do Brasil têm enfrentado um período de aridez, o que impacta diretamente na safra do cacau — matéria-prima do chocolate. O cacau é uma fruta que precisa de um clima úmido para que possa se desenvolver bem, mas no momento a seca na região Nordeste — onde o fruto é cultivado — tem atrapalhado a safra.
África Ocidental também teve uma safra ruim, na qual tiveram que enfrentar condições climáticas adversas e doenças devastadoras em plantações envelhecidas. Além disso, a crise agrícola na Costa do Marfim e em Gana — dois países representam aproximadamente 54% da produção mundial de cacau — fez com que a oferta mundial do insumo caísse globalmente.
No Brasil, a demanda pelo cacau segue alta apesar da diminuição da oferta, por isso o valor do produto teria aumentado, explicou a Organização Internacional do Cacau em reportagem do UOL, que ainda afirmou que, pelo terceiro ano consecutivo, a oferta ficou abaixo da demanda.
Ovo
Enquanto isso, o ovo atinge o preço mais alto dos últimos 22 meses, chegando a um valor nunca antes alcançado, ficando cerca de 61% mais caro, passando de R$ 134 para R$ 227 (valor referente a caixa com 30 dúzias). O calor excessivo e a alta do preço do milho — o alimento das aves — são fatores que influenciaram no aumento do preço.
“As altas temperaturas registradas no início do ano afetaram a produtividade das aves, impactando diretamente a oferta e os custos de produção”, afirma o Instituto Ovos Brasil em nota (IOB) à reportagem do UOL. Quanto a alta do milho, a IOB explica que “a elevação dos custos tornou inevitável o repasse para o consumidor final, o que onera o produtor”.
Café

O aumento no preço do café se deve pela crise climática (Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil)
Mais uma vez fatores climáticos são responsáveis pelo encarecimento dos produtos do mercado, atingindo agora o café. O cenário adverso, marcado por seca, geadas, chuvas e o El Niño, prejudicou as últimas lavouras. “Já estamos há praticamente quatro safras no Brasil sem a renovação do recorde de produção”, afirma Renato Garcia Ribeiro, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Segundo o instituto, o preço da saca de café registrou o maior valor da série, sendo US$ 462,17 — R$ 2.666,28 — e US$ 359,63 — R$ 2.074,71 — para o café arábico e robusto, respectivamente.
Uma queda na produção de café do Vietnã também influenciou a oferta global da bebida e, como a demanda não diminuiu, o preço do produto se elevou.
Azeite

O azeite é outro produto impactado pela crise climática (Foto: Freepick)
Os grandes produtores de azeite do mundo tem passado por períodos de calores extremos, e as oliveiras desses locais têm sofrido com ondas de calor muito acima do normal nas últimas safras.
A árvore da azeitona identifica o momento da floração pelas alterações de temperatura, e uma primavera mais quente que o normal faz as flores desabrocharem antes do tempo. Como resultado, o fruto perde em qualidade e quantidade. Além disso, em caso de seca extrema, a oliveira pode nem produzir frutos naquele ano.
Além de todos esses fatores, o Brasil é um país que importa 99% do que consome, e a desvalorização do real impacta o preço final do produto.
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