O Ministério das Finanças da China anunciou, na manhã desta quarta-feira (9), que vai impor tarifas de 84% sobre os produtos importados dos Estados Unidos a partir desta quinta-feira (10). A medida anunciada é uma resposta do governo chinês às chamadas “tarifas recíprocas” de 104% que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs sobre produtos chineses a partir de hoje.
O tarifaço anunciado por Trump, por sua vez, havia sido uma resposta ao anúncio da China de que imporia tarifas de 34% sobre importações dos EUA. Com a nova resposta, o governo chinês deixa claro que não vai ser curvar à guerra tarifária global iniciada por Trump.
A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou na semana passada, quando Trump anunciou um plano tarifário sobre 180 parceiros comerciais dos EUA.
A entrada em vigor das tarifas contra a China voltou a abalar as bolsas mundiais nesta manhã de quarta-feira.
Os mercados asiáticos fecharam mistos, refletindo a entrada em vigor das tarifas. O índice Shanghai SE (China), no entanto, encerrou o pregão com alta de 1,31%, com apoio de bancos públicos e setores locais que ajudaram o indicador a fechar no azul.
Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela das tarifas, que vão de 10% a 50% e serão cobradas, a partir desta quarta, sobre mais de 180 países.
China expressa “grave preocupação” na OMC com desdobramentos do tarifaço de Trump
Além do revide tarifário, a China levou suas preocupações com os desdobramentos do tarifaço de Trump à OMC (Organização Mundial do Comércio). O governo chinês expressou “grave preocupação” com a escalada da guerra comercial imposta por Trump.
O governo chinês também classificou as tarifas como “imprudentes”, segundo informações da agência de notícias Reuters.
“Os EUA continuam abusando das tarifas para pressionar a China. A China se opõe firmemente a isso e jamais aceitará esse tipo de intimidação”, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Internacionais.
No início de fevereiro, os EUA aplicaram uma sobretaxa de 10% sobre as importações vindas da China, que se somou à tarifa de 10% que já era cobrada do país, chegando a 20%.
Em 2 de abril, Trump anunciou o plano batizado por ele de “tarifas recíprocas”, que incluía uma taxa extra de 34% à China, elevando a alíquota sobre os produtos do país asiático a 54%.
Agora, após a retaliação chinesa, que também impôs tarifas de 34% sobre os EUA, a Casa Branca confirmou mais 50% em taxas sobre as importações chinesas, deixando a tarifa sobre o país no patamar de 104%.
Governo chinês afrouxa controle sobre o yuan para fomentar exportações
A escalada da guerra comercial tem afetado o yuan chinês, moeda oficial da China. Nesta quarta-feira, a moeda registrou seu nível mais fraco em mais de 17 anos.
Ao fim do pregão na China, o yuan era cotado a 7,35 por dólar, o pior desempenho desde dezembro de 2007, antes da crise econômica mundial de 2008. Nesta quarta, o dólar teve uma alta de 0,15% sobre a moeda chinesa.
Segundo reportagem da agência Bloomberg publicada em O Globo, a China afrouxou seu controle rígido sobre o yuan, com o objetivo de fomentar as exportações em meio ao tarifaço de Trump.
O Banco Popular da China fixou o valor de referência em 7,2038 por dólar na terça-feira (8), o mais fraco desde setembro de 2023.
É a primeira vez desde a eleição de Trump, em novembro, que o valor de referência ultrapassa 7,20 por dólar, nível visto pelos investidores como uma linha vermelha tênue para as intenções oficiais chinesas em relação à moeda.
As exportações são o motor de crescimento da economia chinesa, que agora estão pressionadas pelo tarifaço de Trump.
A reportagem diz que o chamado fixing limita os movimentos do yuan onshore em 2% para qualquer lado. Isso permite que a moeda ultrapasse a linha vermelha informal para aumentar a atratividade de suas exportações e impulsionar o crescimento.
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