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Perspectiva de safra de grãos mais cara da história força compras antecipadas e aumenta busca por bioinsumos

Fertilizante, defensivo e óleo diesel são os vilões dos custos de produção da próxima safra e devem encarecer em 45% o plantio da soja e em quase 50% o do milho no País
30/05/2022 | 18h56

A forte pressão de custos dos insumos é a realidade enfrentada pelos agricultores brasileiros que vão plantar a safra de grãos mais cara da história. Fertilizante, defensivo e óleo diesel são os vilões dos custos de produção da próxima safra. A guerra entre a Ucrânia e a Rússia, esta última um dos principais exportadores de adubos para o Brasil, e a crise energética e logística da China, onde estão as fábricas de defensivos, além da alta do diesel, levaram os preços de insumos às alturas.

Pressões de custos dos grãos soam como um sinal de alerta para uma inflação de alimentos que pode se concretizar em 2023 ou não, dependendo da situação do mercado na hora da comercialização da safra.

Nas contas da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o gasto médio no País para produzir um hectare este ano deve crescer 45% para a soja e aumentar quase 50% para o milho em relação ao anterior.

No entanto, o aumento de custos em regiões específicas e consolidadas na safra de grãos supera a média nacional calculada pela CNA. A alta dos gastos com insumos para a próxima safra de soja varia entre 60% e 70% no norte do Paraná e no Mato Grosso em relação à anterior, apontam a cooperativa Cocamar, de Maringá (PR), e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária.

O fertilizante é o item que mais deve contribuir para que a próxima safra de grãos seja a mais cara da história recente, segundo analistas especializados em agronegócio. O aumento do preço do produto no último ano foi de 140%, seguido pelo dos defensivos (de 60% a 70%) e pelo das sementes (15% a 20%).

Com aumento exagerado do custo da safra de grãos, produtores antecipam compras e vão atrás de bioinsumos

A incerteza sobe a disponibilidade do produto e risco de aumento maior de preço tem levado produtores a antecipar as compras para a próxima safra de grãos. Por esse motivo, há risco de faltar produtos no mercado.

A indústria de adubos, por exemplo, está fazendo uma ginástica enorme para disponibilizar os fertilizantes em razão de problemas logísticos decorrentes da guerra na Ucrânia, aumento de custos de frete marítimo e a maior demanda mundial por adubos, segundo informações da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda).

No primeiro bimestre, o dado mais recente disponível, houve retração de 11% nos volumes de fertilizantes entregues aos agricultores brasileiros para todas as lavouras em relação a igual período de 2021, segundo dados da Anda. A demanda tem sido mantida, mas não no ritmo desejado. Hoje o Brasil produz só 15% dos fertilizantes que consome. O Plano Nacional de Fertilizantes, recentemente lançado, só vai começar a ter efeitos na oferta no longo prazo. Esses fatores contribuem para um cenário incerto de preço dos adubos no curto prazo.

Enquanto parte dos produtores antecipam as compras de produtos na tentativa de driblar o aumento de preço, outra fatia busca nova alternativa com os bioinsumos. A tendência, segundo os fabricantes, já era crescente em razão do avanço dos princípios da sustentabilidade no agronegócio por conta de questões climáticas e ambientais. Mas ganhou um fôlego extra nos últimos meses, o que fez indústrias ampliarem a capacidade de produção.

Bioinsumos – microrganismos usados para controlar pragas e doenças nas plantas – ainda representam parte pequena do mercado de proteção de plantas, cerca de 4% de um setor que movimenta R$ 60 bilhões no País anualmente. Mas as indicações são de crescimento. Neste ano, a procura pelos bioinsumos se deu em função da crise dos fertilizantes.

O interessante dos bioinsumos é que, quando aplicados no solo, têm a capacidade e dissolver o fertilizante retido de outras safras. Com isso, é possível reduzir o uso e o gasto com adubação.


Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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