O novo salário mínimo, reajustado pelo presidente Lula (PT) a R$ 1.518 a partir de janeiro deste ano (o valor será pago em fevereiro), vai gerar um incremento de R$ 81,5 bilhões na economia brasileira. O cálculo é do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
O reajuste de R$ 106 (o valor era de R$ 1.412) representa um ganho real (ou seja, acima da inflação) de 2,5% no piso salarial.
Dos R$ 81,5 bilhões calculados pelo Dieese está incluído um incremento de R$ 43,9 bilhões na arrecadação de impostos sobre o consumo.
O Dieese estima que 59,9 milhões de brasileiros são afetados, direta ou indiretamente, pelo reajuste do salário mínimo.
O impacto está assim distribuído:
INSS: São 28.145 aposentados, pensionistas e outros beneficiários que recebem um salário mínimo, o que deve gerar um incremento de renda de R$ 38,78 bilhões e um impacto na arrecadação com consumo de R$ 20,9 bilhões.
Trabalhadores com carteira assinada: Ao todo 17.328 recebem pelo piso salarial, e o impacto estimado é de R$ 23,87 bilhões na renda e de R$ 12,87 bilhões na arrecadação tributária.
Trabalhadores domésticos: São 4.044 recebendo um salário mínimo, com impacto de R$ 5,57 bilhões no consumo e de R$ 3 bilhões nos impostos.
Conta própria: Muitos trabalhadores informais têm seus rendimentos atrelados ao mínimo. O Dieese estima 10.075 nesta situação, com impacto de R$ 12,82 bilhões no consumo graças ao aumento do piso salarial e de R$ 6,91 bilhões na arrecadação.
Empregadores: São 332 com rendimento atrelado ao mínimo. O impacto estimado no consumo deste grupo é de R$ 442 milhões e na arrecadação, de R$ 227 milhões.
Impacto na Previdência do novo salário mínimo terá custo adicional de R$ 38,9 bi
Segundo o Dieese, o peso relativo da massa de benefícios equivalentes a até um salário mínimo é de 50,6% e corresponde a 69,6% do total de beneficiários, segundo o Boletim Estatístico da Previdência de setembro de 2024.
O acréscimo de cada R$ 1,00 ao salário mínimo tem impacto estimado de R$ 365,9 milhões ao ano sobre a folha de benefícios da Previdência Social.
Assim, os R$ 1.518,00 (R$ 106,00 a mais) significarão custo adicional ao ano de cerca de R$ 38,9 bilhões.
O custo seria mais que compensado pelo aumento da arrecadação tributária, com retorno estimado de R$ 43,9 bilhões.
Se o valor fosse de R$ 1.528,00, ou seja, se fosse aplicada a regra anterior, sem a limitação imposta pelo arcabouço fiscal de 2,5%, o custo seria de R$ 42,4 bilhões.
Relação entre salário mínimo e cesta básica
Conforme dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Dieese, o custo médio da cesta básica na cidade de São Paulo, em 2024, foi de R$ 813,46 (estimativa).
Assim, o salário mínimo nacional de R$ 1.412,00 teve poder de compra equivalente a 1,74 cesta básica no ano.
Em relação a janeiro de 2024, mês do penúltimo reajuste, quando a cesta custava R$ 793,39, o poder de compra do salário mínimo era equivalente a 1,78 cesta.
Estimando em R$ 850,00 o valor do conjunto de alimentos básicos em janeiro de 2025, o novo salário mínimo de R$ 1.518,00 compra 1,79 cesta básica no mês.
Clique aqui para ler a análise completa do Dieese.
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