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Eduardo Moreira sobre o dólar: ‘o Brasil está tendo uma ataque especulativo, sim!’

"A moeda está subindo muito mais no Brasil do que outros países - isso é um fato! Nós não temos que esconder, mas trazer à tona e entender o porquê disso estar acontecendo", disse o economista e fundador do ICL.
02/07/2024 | 13h14

O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, afirmou que o Brasil está vivendo, sim, um ataque especulativo ao dólar. A cotação da moeda norte-americana atingiu ontem (1) a casa dos R$ 5,65, a maior cotação desde janeiro de 2022.

“A moeda está subindo muito mais no Brasil do que outros países – isso é um fato! Nós não temos que esconder, mas trazer à tona e entender o porquê disso estar acontecendo”, disse Moreira durante comentário no ICL Notícias 1ª edição na manhã desta terça-feira (2).

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem dado constantes entrevistas a veículos de comunicação variados, ocasiões em que ele tem feito críticas corretas ao comportamento mais político do que técnico do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ao atual patamar da taxa básica de juros (Selic).

Ontem, em entrevista a uma rádio na Bahia, onde está cumprindo agenda para anunciar investimentos, Lula disse que os juros altos são o “maior gargalo do Brasil” hoje e também criticou a autonomia do Banco Central, que faz com que o mandato do ocupante da presidência da autoridade monetária não convirja com o do governo em curso. Segundo analistas, as falas foram responsáveis pela disparada do dólar ontem.

A análise de Moreira se refere ao posicionamento do campo progressista, que está com um discurso de que o dólar não está subindo só no Brasil, mas também em todos outros países emergentes e que, por isso, o Lula não tem culpa. “Até poucas semanas atrás, sim, o dólar estava subindo em outros países também, mas, de duas semanas para cá, não é verdade esse discurso”, pontuou Moreira.

Para Moreira, criou-se um ambiente de “profecia autorrealizável” no Brasil

Para Moreira, o Brasil está vivendo um ambiente de “profecia autorrealizável”, e lembrou que, em 2023, a despeito do déficit de R$ 230,54 bilhões no ano passado, o segundo pior da história, o PIB (Produto Interno Bruto) subiu, o dólar e a inflação caíram. “Mas, no ano passado, as expectativas estavam ancoradas por um governo que mostrava, e continua mostrando, tudo o que estava fazendo, e uma mídia e uma Faria Lima que ainda não tinham partido para o ataque”, frisou.

Uma profecia autorrealizável corresponde a um prognóstico que, ao se tornar uma crença, provoca a sua própria concretização. E, na avaliação de Moreira, é isso o que está acontecendo no país.

Esse movimento se vê, principalmente, no Boletim Focus do Banco Central, que traz projeções econômicas do mercado financeiro. Inflamados pelas falas catastrofistas de Campos Neto, os analistas começaram a elevar as projeções de aumento da inflação e o fim dos cortes da taxa Selic, o que acabou acontecendo.

“Isso criou um ataque especulativo em cima de uma percepção que foi criada, e esse ataque mexe com as taxas futuras de juros. Eles vão começar a falar que o BC vai ser obrigado a subir juro agora e o ataque especulativo vai crescendo”, disse, complementando que esse movimento beneficia o grupo de Campos Neto, indicado à presidência do BC no governo Bolsonaro.

Esse movimento vai fazer com que o governo anuncie um monte de cortes – “tudo o que o mercado quer”, segundo Moreira -, faça correções em programas sociais, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), entre outros.

 

Assista ao comentário completo de Eduardo Moreira no vídeo abaixo:

 

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias 1ª edição

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