A Educafro vai entrar na próxima segunda-feira (22) com uma ação civil pública contra o Metrô de Salvador. O motivo é a morte do porteiro Edmar Santos Costa Moreira. Segundo a família, em 6 de janeiro, ele teria morrido asfixiado após ser abordado por seguranças da CCR Metrô na Estação Acesso Norte. O caso foi revelado ontem pelo Correio 24H. A causa da morte ainda não está confirmada.
“Vamos entrar com uma ação por danos coletivos à comunidade negra. O nosso querido Brasil ainda não se libertou da visão opressora, onde os afro-brasileiros são tratados como ‘escravos modernos’. Para nós, essa morte foi dez vezes mais grave do que a de George Floyd [morto em março de 2020 após abordagem de policiais de Minneapolis, nos Estados Unidos]”, disse Frei David, da Educafro, entidade voltada para o combate ao racismo e da defesa do acesso de estudantes negros à universidade.
IMAGENS
De acordo com o Correio 24H, o porteiro foi abordado foi por volta das 6h da manhã de 6 de janeiro. Câmeras de segurança registraram o momento em que um homem deixa um cooler no chão da estação. Em seguida, Edmar aparece no local, pega o refrigerador portátil e segue em direção ao ônibus.
Um segundo homem vai atrás de Edmar e puxa o cooler. O porteiro tenta entrar no ônibus, mas começa uma briga e pessoas que estão no local imobilizam o porteiro.
As gravações mostram agentes de segurança da CCR Metrô levando Edmar para outro lado da estação. O porteiro resiste e cai no chão, sendo algemado por um dos seguranças, que ainda coloca os dois joelhos nas costas do rapaz.
O segurança fica por um minuto em cima de Edmar e só depois percebe que a vítima não está mais se mexendo. Em seguida, um agente retira as algemas. Outro agente chega com uma maca, onde Edmar é colocado e levado para uma sala na estação.
FALTA DE COMUNICAÇÃO
A família de Edmar informou que nenhum órgão entrou em contato para comunicar a morte do porteiro, que estava com todos os documentos. Foram os chefes da vítima que ligaram para a esposa dele informando que ele não tinha chegado ao trabalho.
A irmã e o pai de Edmar reconheceram o corpo no Instituto Médico Legal (IML) 12h depois do ocorrido. O porteiro foi enterrado no dia 7 de janeiro.
O caso está em fase de inquérito no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e aguarda o laudo médico que vai apontar a causa da morte.
Em nota, a CCR Metrô lamentou o caso e informou que instaurou procedimento interno de apuração, além de ter cedido as imagens das câmeras internas do local. Os agentes que participaram da ocorrência foram afastados até a conclusão das investigações.
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