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Ivanir dos Santos

Professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Conselheiro Estratégico do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP). Autor e idealizador da série Resistência Negra, da Globoplay.

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Èéru Iya! — A importância da devoção a Yemanjá

Permanência do culto à orixá relembra como é possível cultuar, louvar e manifestar a fé mesmo diante das perseguições religiosas
03/02/2025 | 08h28

Anualmente, o dia 2 de fevereiro é celebrado como o Dia de Yemanjá, que segundo a tradição popular brasileira surgiu na década de 1920, na cidade de Salvador, na Bahia, especialmente do bairro do Rio Vermelho, quando pescadores locais resolveram oferecer presentes para a Rainha do Mar.

A festa era celebrada não só pelos devotos de Yemanjá, como também realizada, por meio do sincretismo, nas festividades da Igreja Católica. Durante o processo de perseguições religiosas no Brasil, a orixá foi sincretizada como Nossa Senhora do Navegantes, a Nossa Senhora de Candeias, a Nossa Senhora da Conceição, a Nossa Senhora da Piedade e a Virgem Maria.

A devoção, construída por meio dos “discursos ocultos”, em que é possível cultuar, louvar e manifestar a fé mesmo diante das perseguições religiosas, nos trouxe até os dias atuais com esperanças e anseio por uma sociedade em que não tenhamos que “ocultar” nossa fé, devoção e espiritualidade.

A devoção e a fé em Yemanjá remontam não só as nossas raízes com o continente africano, como também evidencia a presença muito forte da cultura iorubá na sociedade brasileira e no forjamento das nossas identidades culturais e espirituais.

Gravura do artista Carybé (1911–1997) (Imagem: Reprodução @carybe_oficial)

É importante pontuar que, muito embora a data de comemoração seja  2 de fevereiro na maior parte do Brasil, na Paraíba a data destinada para louvores e presenteio a Yemanjá é 8 de dezembro, quando milhares de pessoas se vestem de branco e vão às praias depositar presentes, oferendas e vivenciar a sua fé.

Considerada a padroeira dos pescadores, jangadeiros e marinheiros, é uma das divindades das religiões de matrizes africanas mais conhecidas no Brasil. Seu culto de origem está ligado à cidade de Abeokuta, no estado de Ogun, na Nigéria.

Entretanto, enquanto celebramos a diversidades e a pluralidade dos encontros a prefeita de Zé Doca, no Maranhão, decidiu substituir o tradicional Carnaval da cidade por um evento gospel. Com cachês artísticos que chegam até R$ 600 mil reais, os shows estão marcados para acontecer entre os dias entre os dias 1º e 4 de março.

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