Sobre as reportagens publicadas no ICL Notícias sobre um funcionário terceirizado da usina Angra 2 que se contaminou ao ter contato com material radiativo, a empresa Eletronuclear enviou nota ao portal pedindo direito de resposta. Publicamos o texto da empresa abaixo e a seguir a observação da jornalista Tania Malheiros, que escreveu as reportagens:
“A Eletronuclear esclarece alguns equívocos presentes na matéria publicada pelo “ICL Notícias”, nesta quarta-feira (04), sobre o caso do trabalhador temporário da parada de manutenção da Usina Angra 2, flagrado pelos sistemas de Proteção Radiológica durante uma tentativa de remoção não autorizada de material da área controlada. Tendo em vista o ocorrido, a empresa solicita ao veículo de comunicação o direito de resposta na matéria.
É incorreto afirmar que a empresa mantém silêncio sobre o assunto, como o veículo retrata logo no título da matéria. A Eletronuclear divulgou duas notas no site oficial com detalhes sobre o ocorrido. A primeira, divulgada horas após o incidente, inclusive, foi a responsável por tornar o assunto público, o que ratifica a prática de transparência da companhia.
É bom relembrar que imediatamente após a constatação e antes mesmo da divulgação pública, a CNEN já havia sido notificada e acompanhava a situação por meio do seu inspetor-residente.
Abaixo, o link de cada publicação no site oficial da companhia, com as respectivas datas e horários.
Em relação ao conteúdo da segunda matéria, o texto diz o seguinte: “Quem é o trabalhador, suas funções e por que estava na área controlada, a companhia não respondeu. Onde o sistema falhou a ponto de o trabalhador entrar na área reservada, remover uma peça e ainda a jogar no lixo? A pergunta não foi respondida pela Eletronuclear, assim como outras.”.
Em primeiro ponto, por questões legais, a empresa optou por não divulgar publicamente a identidade do profissional. Entretanto, a CNEN e os órgãos de segurança têm a informação da identidade do trabalhador que tentou subtrair peça sem autorização por debaixo da veste de proteção. As investigações estão a cargo destas outras entidades públicas.
Sobre os questionamentos posteriores, que se referem às funções e motivo do trabalhador estar na área controlada, as duas notas publicadas pela Eletronuclear respondem logo no primeiro parágrafo. Ele era um trabalhador temporário da parada de manutenção da usina Angra 2, ou seja, para realizar as suas funções ele teria que estar na área controlada. A única situação atípica foi a ação deliberada do profissional que tentou retirar peça da área de contenção sem autorização por debaixo da sua veste de proteção, o que foi detectado pelos alarmes da CNAAA.
Na sequência, desta vez, a pergunta levantada pela matéria foi respondida dentro do próprio texto.
“Dentro da área controlada de Angra 2 há locais específicos para descarte de peças contaminadas que passarão por um processo de descontaminação, assegura a CNEN… Quando o caso ocorreu, a companhia informou que a peça seria considerada rejeito radioativo. O que fazia na área controlada? Outra pergunta não respondida pela Eletronuclear.”
A própria matéria destacou a explicação da CNEN sobre a presença de locais específicos para descarte dentro da área controlada. Portanto, a peça metálica da tampa de acesso à câmara primária do gerador de vapor, que faz parte da área controlada, não teria outro local para estar e jamais poderia estar sendo retirada da área de contenção escondida por debaixo da veste de proteção. A única situação atípica, reafirmamos, como presente nas duas divulgações da Eletronuclear, foi a tentativa de retirada não autorizada do objetivo de dentro da área de contenção, pelo referido trabalhador, por debaixo da veste de proteção.
Como destacado na última nota, a Eletronuclear reafirma que o profissional recebeu uma dose em função do evento abaixo de 1% do limite anual permitido pela CNEN. Apesar da contaminação superficial, o evento está dentro da normalidade dos parâmetros radiológicos das paradas de manutenção das usinas. A diferença se dá apenas pela ação deliberada do colaborador temporário, que foi advertido com um Relatório de Violação Radiológica e prontamente demitido”.
Autora das duas matérias, a jornalista Tania Malheiros, considerada a maior especialista no assunto na imprensa brasileira, fez as seguintes considerações diante da nota da Eletronuclear:
“A jornalista confirma todas as informações. A Eletronuclear recebeu diversas solicitações de esclarecimentos, assim como a Comissão Nacional de Energia nuclear (CNEN) e não prestou nenhuma informação. Ao contrário da CNEN, a Eletronuclear não esclareceu nada à reportagem, se limitando à publicação de notas em seu site. A reportagem perguntou as funções do trabalhador e porque teve acesso ao local controlado. Perguntou também como teve tempo de ainda atirar a peça no lixo. Perguntou também como será o tratamento do trabalhador. Entre outras coisas. Nada foi respondido. Felizmente o trabalhador teve baixa contaminação. Destacamos que é obrigação divulgar a informação. E não estão fazendo favor à sociedade.
A CNEN respondeu a todas as perguntas, enquanto a Eletronuclear sequer acusou recebimento”.
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