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Equador invade embaixada do México para prender ex-vice-presidente

México rompeu relações diplomáticas com o Equador após imunidade diplomática ser violada
06/04/2024 | 09h48

Forças policiais do Equador invadiram na noite de ontem (5) a embaixada do México em Quito para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas, que enfrenta acusações de corrupção, mas diz ser vítima de perseguição. As cenas tiveram ampla repercussão internacional e abriram uma crise diplomática entre os dois países.

Imagens da imprensa equatoriana mostram policiais invadindo a embaixada, inclusive com o uso de um veículo blindado. O embaixador do México, Roberto Canseco, se opôs à ação e foi imobilizado e colocado no chão.

Embaixador mexicano é jogado no chão por policiais equatorianos ao tentar impedir invasão. Foto: Reprodução/ YouTube

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou na manhã de hoje (6) a suspensão das relações diplomáticas com o Equador. A crise internacional ocorre após forças policiais equatorianas invadirem a embaixada mexicana em Quito para prender Jorge Glas, ex-vice-presidente do Equador, condenado a 6 anos de prisão por corrupção.

Em uma publicação nas redes sociais, López-Obrador classificou o episódio como “uma violação flagrante da lei internacional e da soberania do México”. Pelo direito internacional, sedes de missões diplomáticas, como embaixadas e consulados, são considerados invioláveis. Por isso, qualquer incursão no local só pode ocorrer com autorização do país estrangeiro que mantém as representações.

A ação da polícia do Equador aconteceu horas depois de o México conceder oficialmente asilo político a Glas, que estava abrigado na embaixada do país em Quito desde 17 de dezembro.

Correa condena invasão de embaixada

Glas foi vice-presidente do Equador entre 2013 e 2017, tendo atuado no governo do líder de esquerda Rafael Correa. Foi reeleito para o cargo na chapa do ex-presidente Lenin Moreno, mas acabou afastado da vice-presidência em 2018, no bojo das acusações de ter recebido propina da empreiteira brasileira Odebrecht para facilitar contratos de obras de engenharia no país.

O grupo político de Correa desde então diz ser alvo de perseguição política e busca asilo em outros países como forma de evitar a prisão. O ex-presidente vive hoje na Bélgica, após ter sua candidatura à vice-presidência negada pela Justiça Eleitoral em 2021.

No X, antigo Twitter, Correa repudiou a ação policial contra a embaixada mexicana:

“O que o governo de Noboa [atual presidente do Equador] fez não tem precedentes na história latino-americana. Nem nas piores ditaduras se violou a embaixada de um país. Não vivemos em um Estado de Direito, mas em um estado de barbárie”, escreveu Correa.

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