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Xico Sá

Escritor e jornalista, faz parte da equipe de apresentadores do ICL Notícias. Com passagem por diversas redações e emissoras de tv, ganhou os prêmios Esso, Folha, Abril e Comunique-se. Participou de programas como Notícias MTV, Cartão Verde (Cultura), Redação Sportv, Papo de Segunda (GNT) e Amor & Sexo (Globo). É autor de Big Jato (Companhia das Letras) e A Falta (Planeta), entre outros livros. O colunista nasceu no Crato, na região do Cariri cearense, e iniciou sua trajetória profissional no Recife.

Emboscada de Lira tem Eduardo Cunha para atingir governo Lula

Queda de primo no Incra de Alagoas detona vingança do líder do Centrão contra Lula; o homem que derrubou Dilma volta ao Congresso para prejudicar governo
18/04/2024 | 07h00

Não deu tempo nem o chão da sede do Incra secar em Alagoas, depois de uma lavagem feita com ervas e sal grosso, para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) iniciar a sua vingança contra o governo Lula.

A lavagem foi uma comemoração de trabalhadores sem-terra, nesta segunda-feira (15), pela saída de César Lira, primo de Arthur, do cargo de superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

Nomeado pelo parente poderoso ainda na gestão de Michel Temer (MDB), César, ao contrário da sigla do próprio órgão que comandava, odiava a ideia de mexer no latifúndio — mesmo o mais improdutivo e abandonado do Nordeste — para ceder um palmo de terra que fosse a uma família necessitada.

O sal grosso e as folhas de arruda usados para lavar a sede do Incra podem até abrir caminho para a posse de terrenos aos trabalhadores. Ao presidente Lula, porém, a cabeça do primo de Lira passou a representar tocaias e emboscadas parlamentares nunca vistas no Congresso até o momento.

O aroma das ervas da lavagem do Incra ainda suavizavam o ambiente em Maceió — para sorte e alívio dos trabalhadores —, quando o presidente da Câmara aprovou em plenário, inesperadamente, a urgência para a tramitação de uma proposta que impõe sanções administrativas e restrições a ocupantes de terras rurais e urbanas.

É só o começo de uma vingança, no melhor estilo cangaço novo, que Arthur Lira sacou do coldre para atingir o governo. Dias antes, o deputado havia feito um manifesto contra o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais).

O chão do Incra secou da lavagem repleta de cheiros e simbologias, mas o cafezinho do líder do Centrão ainda não esfriou de vez em Brasília. O rei da vaquejada, como é conhecido em Alagoas, ainda tem oito meses no comando da Câmara.

Dá para fazer um estrago e tanto no governo Lula e na safra das emendas do Orçamento. O estrago de taturanas nas folhas de uma roça — para lembrar da lagarta que nomeou a operação da Polícia Federal sobre desvios de verbas dos gabinetes de Lira e outros parlamentares ainda nos tempos de Assembleia Legislativa de Alagoas.

Para colocar em prática as tocaias e as emboscadas contra Lula, Arthur Lira conta com as dicas do seu mestre em matéria de arapucas e golpes parlamentares, o ex-deputado Eduardo Cunha.

Mesmo sem mandato, o vilão da campanha pela queda da ex-presidente Dilma Roussef tem dado expediente no gabinete da filha, Dani Cunha (União Brasil-RJ). Nunca esteve tão próximo de Lira. O governo corre perigo. Lula vai precisar de muita reza forte e popular. Além dos ramos de arruda da lavagem do Incra no Nordeste.

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