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Especialista explica que estratégia do Hamas contra Israel é militar e econômica

“Eles escolheram esse momento para demolir qualquer possibilidade de investimento externo em Israel. Isso vai custar muito caro”, explica Ramzy Baroud.
09/10/2023 | 10h30

Em entrevista a Heloisa Vilella, o jornalista e escritor palestino-americano Ramzy Baroud critica a versão dominante na grande imprensa mundial de que Israel foi alvo de um ataque terrorista e por isso tem o direito de se defender. Ele lembra que Gaza está sob cerco de Israel há 17 anos e a ocupação militar isaelense na região vigora desde 1967.

“Temos duas gerações de palestinos que nunca experimentaram a vida como um povo livre. E essa última geração especialmente não conhece alternativa à guerra ou ao cerco. Eles não têm nada”, define Baroud.

O escritor lembra que por causa da estratégia de estrangulamento de Gaza, 97% a 98% de toda a água da região é suja, provoca doenças e nem os hospitais têm água limpa. “Então, você não pode argumentar conscientemente que existe equivalência moral entre palestinos e israelenses”, analisa.

“Quanto isso, os palestinos não são sequer cidadãos de segunda classe. Eles não são cidadãos. Eles não têm documentos, direitos, eles não votam, não têm nenhum de democracia nem nada. Eles estão à margem da humanidade”, resume Baroud..

Para o analista, o ataque a Israel surpreendeu todo mundo porque representa uma mudança de paradigma. Não há precedentes para analisar o que acontece agora.

Ele explica porque o Hamas fez o ataque nessa ocasião. “Escolheram esse momento que os Estados Unidos estão exaustos militarmente, por causa da Ucrânia. E apesar de estarem lutando essa guerra através dos sacrifícios de outras pessoas, os Estados Unidos não têm armas. Eles estão pegando emprestado pedindo a Marrocos, ao Egito a outros países”, explica Baroud.

“O fato de os israelenses também não terem alguns tipos específicos de bala é porque os americanos pegaram o estoque de emergência de Israel e mandaram para Ucrânia. Os palestinos estão prestando muita atenção a isso tudo e têm estimativas exatas de todas as armas que Israel tem e por quanto tempo”, conta o jornalista.

Para ele, o segundo motivo de terem escolhido essa estratégia de ir pra dentro de Israel foi porque eles sabem que o governo israelense tem uma única arma em que é superior aos palestinos. “Os israelense podem vir e bombardear, bombardear e não perdem ninguém, mas agora que palestinos estão lá dentro eles não podem bombardear e Israel, não pode usar sua superioridade aérea pra destruir a resistência dentro de Israel. Porque (os palestinos) estão dentro das comunidades”, afirma Baroud.

O outro motivo é econômico. O Hamas avaliou que a economia israelense está encolhendo, já que 60%o dos investimentos externos em Israel desapareceram em 2022 por conta do descrédito no governo Netanyahu. “Eles escolheram esse momento para demolir qualquer possibilidade de investimento externo em Israel. Isso vai custar muito caro”.

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