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Crises na Educação e Ciência escancaram estilo bolsonarista do governo de SC

Na terça-feira (30), milhares de professores se reuniram em frente à sede do governo pedindo negociação salarial
03/05/2024 | 12h59

Por Amanda Miranda — Newsletter Passando a Limpo

Dois episódios recentes escancararam o caráter antidemocrático da gestão do governador de Santa Catarina, o bolsonarista Jorginho Mello (PL): a greve dos professores da rede estadual e as críticas à organização da Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, que ignorou universidades e a participação popular mesmo tendo como temática a Justiça e a Sustentabilidade.

Os casos repetem o projeto do governo de Jair Bolsonaro quando presidente, negando a educação e a ciência como mecanismos de desenvolvimento social.

No caso da greve, os efeitos já aparecem. Na terça-feira (30), milhares de professores se reuniram em frente à sede do governo pedindo negociação salarial e a descompactação da folha de pagamentos.

Dias antes, o governador já havia falado, em vídeo nas redes sociais, que não iria negociar com a classe. Além disso, ameaçou o corte de ponto e a contratação de substitutos.

Já quanto à Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação, os efeitos podem aparecer a longo prazo. O evento, que ocorre em junho, é promovido pelo Governo Federal e a ideia é desdobrá-lo em discussões estaduais e regionais.

No último dia 25 de abril, em Curitiba–PR, a ausência do governo catarinense foi sentida na versão “Região Sul” das discussões. Enquanto Rio Grande do Sul e Paraná falaram por meio dos seus representantes máximos, Santa Catarina enviou uma gerente, que se irritou diante de uma pergunta feita pela secretária regional da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), Maria Elisa Máximo.

Maria Elisa, que participou da conferência estadual, pediu a palavra para destacar que a iniciativa do estado, diferentemente do que ocorreu nos vizinhos, não englobou as universidades, nem a participação popular.

A fala da gestora Cristiane Iata acenou para uma solução mais alinhada ao setor produtivo, o que descaracterizaria o conceito da conferência que é ser “um espaço de diálogo, envolvendo diferentes atores da sociedade”.

“É importante que a gente traga contrapontos”, pontuou Elisa. “Em Santa Catarina esse debate não aconteceu da forma como a gente entende que o ministério está propondo que aconteça”.

Segundo ela, o resultado apresentado veio do debate basicamente de 48 pessoas. “Foi um debate que não incluiu, por exemplo, estudantes, movimentos sociais e não incluiu as universidades”, disse.

A resposta da representante do governo veio em tom ríspido e pouco cordial, basicamente devolvendo os questionamentos sobre a não participação das universidades.

No texto de apresentação da conferência estadual, que aconteceu no início de abril, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de SC, Marcelo Fett, deu o tom ao que seria o evento. “Trata-se de um importante encontro dos líderes regionais que atuam no ecossistema de Ciência, Tecnologia e Inovação para a elaboração de diretrizes estratégicas para o desenvolvimento do Ecossistema de CT&I”.

Procuramos a secretaria de Ciência e Tecnologia e Inovação de Santa Catarina para responder como foi a organização da conferência e por que houve ênfase na participação do setor produtivo e lideranças em detrimentos a outras instituições e da sociedade civil. Não houve resposta.

Já a SBPC-SC divulgou um texto detalhando o processo de organização e condução da conferência. “Em nosso entendimento, seu resultado não é representativo da sociedade catarinense, se considerarmos sua diversidade, complexidade e, o que é mais importante, as desigualdades que a atravessam”, pontua o texto.

 

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