ICL Notícias
Vivian Mesquita

Apresentadora, Repórter e Editora Chefe Executiva com passagens pela Editora Abril, Rede Globo e Canais ESPN Disney. Especialista em esportes de ação em mercado mundial. Profissional com formação consolidada na área de mídia e conteúdo esportivo, com mais de 20 anos de experiência em TV. Relacionamento sólido com a comunidade criativa local, produtoras, talentos, atletas, marcas e mídia. Habilidades em gestão de equipes, processos organizacionais e comunicação. Apresentadora do ICL Notícias - 1ª Edição.

Estou exausta e não vou me desculpar!

Diz aí quem não vive cheia de “eu tenho que isso, eu tenho que aquilo”
11/11/2023 | 06h53

A coluna de hoje vai ser curtinha. Eu estou exausta e garanto que a maioria das leitoras vai entender. Dia sim, dia sim, eu tenho vontade de dizer “vou ali comprar cigarros e volto daqui 15 anos”, e olha que eu nem fumo!

O tema da redação do Enem 2023 (Enem é com “m” Sérgio Moro, tá?) – “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil” -, trouxe para o centro do debate a carga imensa que a mulher contemporânea carrega, em especial aquela invisível: a demanda mental. É impressionante como esse tema causa surpresa em alguns homens. As redes sociais estão tomadas de depoimentos, entrevistas e até memes tentando explicar que mulheres de todas as idades, em sua maioria, vivem igual aqueles chineses malabaristas que giram pratinhos, sabe?

A jornalista e roteirista Mariliz Pereira Jorge postou em suas redes a seguinte reflexão: “Em geral, o homem precisa ser lembrado da lista de compras, ainda que seja ele quem as faça. Então, caro feminista, não adianta exaltar a redação do Enem e continuar perguntando, enquanto cozinha, onde está o escorredor de macarrão.” Vejam, esse não é um artigo para criticar os homens, é só um desabafo. Quando a sua companheira, mãe, irmã estiverem irritadas, não é TPM, é exaustão, cansaço mental. Elas não são loucas, chatas ou emocionadas, elas são humanas igual a você. Nessa hora, vai lá, abre uma cerveja gelada pra elas, dê um abraço, diga obrigado, ofereça ajuda, seja empático, só não vire os olhos, por favor!

Do lado de cá precisamos aprender a deixar os pratinhos cair sem culpa, né meninas? Afinal, é bom repor a louça de vez em quando.

A Universidade Federal de Minas Gerais conduziu uma série de estudos, artigos e pesquisas sobre a questão do lazer e da negritude. Em um desses estudos a pergunta feita foi: “O que você faz como obrigação?”. Os afazeres domésticos, tanto para mulheres brancas como pretas, representaram quase 84% das respostas, enquanto a porcentagem para homens brancos foi de 33,9% e 44,9% para homens pretos.

Uma pesquisa do IBGE de 2019 apontou que as mulheres se ocupam com os afazeres domésticos e cuidados com os filhos em torno de 21.4 horas semanais, em contrapartida, os homens dedicam 11 horas. Mais da metade dos lares brasileiros é sustentada prioritariamente por mulheres, a conta não fecha! Mas ainda existe um código social que diz o que é ser mulher e que nos coloca na condição de ter que fazer algo porque seremos cobradas. Opa, diz aí quem não vive cheia de “eu tenho que isso, eu tenho que aquilo”. Mulher sempre “tem que” alguma coisa.

A professora Angela Brêtas, da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, conduziu um projeto de extensão sobre lazer, com as mulheres que cuidam da faxina da Universidade. Ela conta que o ouvi de uma delas: “professora eu tenho lazer enquanto eu durmo, o meu lazer é dormir porque o tempo todo eu sou tomada pelas obrigações.”

E aqui fica uma reflexão meninas. Mesmo quando pensamos que estamos fazendo algo por nós, será que estamos mesmo ou no final tudo gira em torno do outro? Qual foi a última vez que você fez algo só pra você?

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