O estudo “Yanomami Sob Ataque: garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo“, divulgado nesta semana pela associação Hutukara, que representa o povo Yanomami, mostra que o garimpo ilegal na terra indígena Yanomami (RR) cresceu 3.350% entre 2016 e 2021. A consequência direta é o crescimento da malária, da desnutrição infantil, da contaminação por mercúrio e da exploração sexual. Nesta terça-feira (12), em visita ao acampamento indígena em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil tem muita terra e não é necessário usar terras onde moram os índios para plantar e garimpar.
Os efeitos do garimpo ilegal na terra indígena Yanomami são sentidos por 16 mil moradores de 273 comunidades, o equivalente a 56% da população total. Com o tamanho de Portugal, o território Yanomami tem 29 mil habitantes em 350 aldeias. Os garimpeiros usam a fome e bebidas alcoólicas para explorar sexualmente crianças e mulheres. As vítimas vivem um clima permanente de terror e angústia.
O relatório lembra que a atividade garimpeira está diretamente associada à contaminação de mercúrio, com danos irreversíveis à sua saúde das pessoas das comunidades afetadas.
“Há notícias de uma maior incidência de doenças neurológicas entre recém-nascidos nas comunidades Yanomami, mas estas não passaram por um diagnóstico de contaminação de mercúrio apesar de haver orientação normativa nesse sentido”, diz o documento.
Durante o discurso na terra indígena, o ex-presidente Lula defendeu um dia do revogaço para revogar tudo o que foi feito contra os indígenas. A posição de Lula é contrária a do presidente Jair Bolsonaro, defensor da exploração das terras indígenas. No atual governo, há um projeto em tramitação na Câmara dos Deputados que permite a mineração nessas áreas.
O documento “Yanomami Sob Ataque: garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo” reúne as causas apontadas pelos indígenas para o crescimento do garimpo. São elas: o aumento do preço do ouro no mercado internacional; falta de transparência, falhas regulatórias e fraudes na cadeia produtiva do ouro que permitem ocultar a origem ilegal da substância; o desmonte da política de proteção dos povos indígenas conduzidas pelo governo Bolsonaro; mão de obra barata por conta da crise econômica e desemprego; e avanços tecnológicos que agilizam a comunicação e a locomoção dos garimpeiros.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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