Marte tem uma camada de rocha derretida que envolve o núcleo de metal líquido do planeta vermelho. A descoberta foi relatada hoje em dois artigos na revista Nature. Em um deles, cientistas estimam que o núcleo tem um raio de 1.675 quilômetros, menor do que se pensava anteriormente.
A descoberta é da missão InSight, da Nasa, que pousou em Marte uma nave equipada com um sismógrafo. Entre 2018 e 2022, o instrumento detectou centenas de ‘martemotos’ que sacudiram o planeta.
Um deles foi o impacto de um meteorito em setembro de 2021. De acordo com Henri Samuel, geofísico do Instituto de Física da Terra de Paris e autor principal de um dos artigos – ‘Evidência geofísica de uma camada enriquecida de silicato fundido acima do núcleo de Marte’ -, o fenômeno “desbloqueou tudo”.
Segundo ele, o meteorito atingiu o planeta no lado oposto ao local onde o InSight estava localizado. Ou seja, muito mais distante do que os marsquakes que a InSight tinha estudado anteriormente e permitiu à sonda detectar energia sísmica viajando através do núcleo marciano 4.
Para Samuel, a forma como a energia sísmica atravessou o planeta mostrou que o que os cientistas pensavam ser a fronteira entre o núcleo líquido e o manto sólido, a 1.830 quilômetros do centro de Marte, era, na verdade, uma fronteira diferente entre o líquido e o sólido. O núcleo real está sob uma camada de rocha derretida e tem raio de apenas 1.650 quilômetros.
Já o segundo artigo da Nature é do geofísico da ETH Zurique, Amir Khan. Na publicação – ‘Evidência de uma camada de silicato líquido no topo do núcleo marciano’ -, ele analisou as ondas sísmicas do mesmo impacto, além de simulações das propriedades de misturas de elementos fundidos como ferro, níquel e enxofre nas altas pressões e temperaturas do núcleo marciano.
“Ter rocha derretida contra ferro fundido parece ser único. Você tem essa peculiaridade de camadas líquido-líquido, que é algo que não existe na Terra”, publicou Khan.
Informações da Revista Nature
Deixe um comentário